Leonardo Barreto na Crusoé: O primeiro ano do pós-Lula
O PT dificilmente aceitará outro cenário para o ano que vem que não seja o de uma chapa pura, provavelmente com Fernando Haddad na vice-presidência
Quem gosta de história sabe que os momentos de sucessão no poder são sempre delicados.
Especialmente quando se trata de substituir líderes populares e centralizadores, como é o caso Lula. Por isso é natural que o mundo político comece a se organizar em torno dessa perspectiva.
A questão do limite humano (saúde frágil + idade avançada) é apenas um fator da equação do pós-Lula.
O segundo problema é o esgotamento geracional que questiona a capacidade do presidente, um líder formado na Guerra Fria, de lidar com os desafios deste tempo, e promove uma solidão no poder, já que Lula não tem mais seus companheiros de orientação.
Há também a variável econômica.
A piora das previsões, especialmente da trajetória inflacionária, o aumento de juros já contratado e a redução da atividade produtiva devem pesar nos indicadores de popularidade e nas chances de reeleição.
Quanto mais arriscado for o próximo pleito, maior é a chance de Lula não concorrer.
O pós-Lula deve dominar a agenda política daqui em diante mesmo que o petista decida tentar de novo em 2026.
Isso porque, pelas razões físicas apontadas acima, a vice na sua chapa irá ganhar uma importância brutal. E isso já começa a afetar as articulações desde agora.
Necessitando caminhar para o centro, Lula precisa encontrar ativos para distribuir aos aliados e a perspectiva de poder futuro sempre é o principal deles.
Se a vice foi importante nas cinco eleições vencidas pelo PT (PL, PRB, PMDB, MDB e PSB), não deve estar disponível no caso de Lula tentar a reeleição.
Seu partido dificilmente aceitará outro cenário para o ano que vem que não seja o de uma chapa pura, provavelmente com Fernando Haddad na vice.
Sem disposição para ceder a vice-presidência, como o PT vai reeditar o discurso da frente ampla?
Sem a popularidade de outrora, o que vai ter para dar em troca do apoio dos outros partidos, que sabem que a tendência ideológica conservadora…
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