Janjapalooza: um escárnio que revela a desconexão da esquerda com as mulheres Janjapalooza: um escárnio que revela a desconexão da esquerda com as mulheres
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Janjapalooza: um escárnio que revela a desconexão da esquerda com as mulheres

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Madeleine Lacsko
3 minutos de leitura 14.11.2024 20:01 comentários
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Janjapalooza: um escárnio que revela a desconexão da esquerda com as mulheres

A mulher brasileira não aceita mais cabresto, muito menos a ideia de que seu lugar no poder depende do status do marido dela e não de suas próprias conquistas

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Janjapalooza: um escárnio que revela a desconexão da esquerda com as mulheres
Arte: O Antagonista

A esquerda brasileira se gaba de defender direitos, especialmente os de minorias, como as mulheres. Mas o “Janjapalooza” revela o oposto. Sob a justificativa de aproveitar o G20 para divulgar a cultura brasileira, o governo planejou um show com patrocínio de estatais e uma curadoria artística que parece mais pessoal do que institucional.

A ideia de exibir nossa cultura para os estrangeiros pode até soar nobre, mas é difícil entender a lógica. Outros países que presidiram o G20 fizeram shows, mas apenas nos eventos de chefes de Estado. Este será aberto ao público, no Pier Mauá, no Rio de Janeiro. Quem irá ao show? Estrangeiros ou brasileiros? A quem esse espetáculo realmente interessa? As perguntas seguem sem resposta.

A questão vai além do gasto público. Apenas em cachês, já são R$ 900 mil previstos, isso sem contar a estrutura e outros custos que devem ser generosos. E qual foi o critério para financiar o evento? Com certeza não foi o fato de a primeira-dama decidir, convocar os amigos artistas e mandar o governo “se virar” para fazer. Não, claro que não. Deve haver um critério muito bem definido, algo altamente técnico e estratégico, que infelizmente não foi divulgado. Porque, afinal, um show para brasileiros no G20 é evidentemente essencial para fortalecer a imagem do Brasil no mundo.

Mas o problema central do Janjapalooza é outro: o apagamento de mulheres autônomas em nome do protagonismo de uma figura ligada ao poder pelo matrimônio. Por que Margarete Menezes, ministra da Cultura e uma das cantoras mais importantes do Brasil, não foi escolhida como representante oficial? Quando Gilberto Gil ocupava o mesmo cargo, ele era o rosto da cultura brasileira em eventos internacionais. No primeiro mandato de Lula, quem deu um show histórico na ONU foi Gil, não dona Marisa. Seria misoginia? Claro que não. Deve haver certamente uma explicação técnica.

Esse movimento não é apenas desrespeitoso com Margarete Menezes, mas com todas as mulheres que lutam por autonomia e espaço. É o retrato de uma esquerda que prega o feminismo, mas que não hesita em subverter seus próprios valores quando isso favorece suas narrativas. A mensagem implícita é clara: o lugar da mulher ainda está condicionado à sombra de quem ela acompanha, não ao que ela conquista por mérito.

É impossível ignorar o silêncio de setores da esquerda e de movimentos feministas diante desse cenário. O que antes seria alvo de críticas contundentes, agora é convenientemente tolerado. Essa tentativa de reduzir a mulher brasileira a uma posição secundária deve ser questionada. A tolerância com atitudes que enfraquecem a autonomia feminina contradiz todo o discurso que essas mesmas figuras afirmam defender.

A mulher brasileira não aceita mais cabresto, muito menos a ideia de que seu lugar no poder depende do status do marido dela e não de suas próprias conquistas. Enquanto a esquerda não refletir sobre a mensagem que promove ao priorizar símbolos em vez de mérito, seguirá alimentando a desconexão com aqueles que diz representar. O Janjapalooza, antes mesmo de acontecer, já deixou isso claro.

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