Conselhos Tutelares antecipam clima das eleições de 2024
Nunca antes na história desse país as eleições para os Conselhos Tutelares foram tão comentadas. A votação não é obrigatória e o comparecimento aumentou em torno de 10%. Isso foi fruto de uma...
Nunca antes na história desse país as eleições para os Conselhos Tutelares foram tão comentadas. A votação não é obrigatória e o comparecimento aumentou em torno de 10%. Isso foi fruto de uma batalha ideológica em torno das cadeiras.
Políticos e influenciadores conservadores começaram, há algum tempo, a se mobilizar nas redes e em eventos promovendo as candidaturas da mesma ideologia. Na reta final, houve uma entrada da esquerda na disputa.
Os conservadores parecem ter levado a melhor na interlocução com o público. Eram posições para as quais tradicionalmente a população não dava muita atenção. No final das contas, eram preenchidas majoritariamente por progressistas ligados aos conselhos de Direitos Humanos.
Não é de agora que igrejas começaram a se mobilizar para emplacar seus próprios candidatos. A rigor, o movimento para ocupar esse espaço já existia. A diferença é que agora ele atinge a política nacional, envolvendo políticos conhecidos.
Após as eleições, o Ministério dos Direitos Humanos entrou em campo contestando a participação das igrejas, com uma suspeita de abuso do poder religioso. O tom do debate continua a subir.
A polarização continua e a disputa não se resolveu na eleição presidencial. O lulismo tem se comportado como se fosse majoritário, mas não é. O país continua dividido e as pesquisas apontam que a polarização continua.
É interessante notar a diferença no diálogo com o povo entre os campos políticos. A esquerda entrou na disputa dos Conselhos Tutelares de forma tardia e não conseguiu se comunicar.
Políticos e influencers conservadores apelaram à defesa de sua ideologia e sobretudo da família. Fizeram comunicados promovendo candidatos específicos e com instruções detalhadas de como descobrir onde votar e viabilizar este voto.
À esquerda, os comunicados foram incentivando as pessoas a votar e escolher os candidatos que defendem as crianças. Difícil saber o que as pessoas entenderam disso. Podem ter incentivado gente a ir votar em candidatos que eles não queriam eleger.
No progressismo existe a ideia de superioridade moral, que muitos costumam chamar de monopólio da virtude. Talvez esses políticos e influencers tenham internalizado isso. Falam em defesa das crianças como se só os progressistas pudessem fazer isso. O povo pode, no entanto, entender diferente e votar em conservadores para defender as famílias e, portanto, as crianças.
Partidos de esquerda se acostumaram a perder votações no Congresso e recorrer ao Judiciário tentando modificações. Vemos agora um movimento semelhante na eleição dos Conselhos Tutelares.
Resta saber como a população vai avaliar essa movimentação. Não vem só do Ministério dos Direitos Humanos, mas também de muitos parlamentares, principalmente vereadores. Os casos locais estão sendo levados ao Ministério Público em todo o país.
A população vai entender como? Há duas possibilidades. A primeira é a maioria focar numa suposta interferência indevida de igrejas e conservadores. A outra é a maioria focar na reação da esquerda quando perde.
De qualquer forma, o clima das eleições de 2024 está dado. As forças antipetistas estão se reorganizando. O foco está principalmente nas pessoas que não querem mais ser corrigidas e controladas, naquela ideia de que “ninguém pode falar mais nada” e de que “querem destruir a família”.
São debates geralmente nacionalizados. Agora foram levados ao extremo do local, às regiões específicas de cada Conselho Tutelar. A tendência é que isso se repita nas eleições municipais. Resta saber se a esquerda se reconecta com o povo até lá ou se veremos exatamente o ocorrido no último final de semana.
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