Vamos direto ao ponto: a história dos móveis presidenciais sumidos é um belo exemplo de como as coisas funcionam na política brasileira e, no fim, quem paga a conta é você. Lembra da confusão sobre os móveis que Michelle Bolsonaro supostamente teria levado da presidência? Pois é, virou uma novela. Mas aqui, no meio de todo o burburinho, a verdade sempre esteve na nossa cara: os móveis são patrimônio público, geridos por funcionários públicos, não pela primeira-dama, nem pela atual nem pela anterior.
Tudo isso começou quando Janja, em um ataque de protagonismo na Globo News, sugeriu que vários móveis haviam sumido, insinuando que Michelle estava por trás da bagunça. E, claro, muita gente comprou essa narrativa. A mídia tradicional não perdeu tempo para especular e apontar dedos. O detalhe que se esqueceu de mencionar? A primeira-dama não é parte do governo e, portanto, não se responsabiliza por patrimônio público. Vale ressaltar que desde o início, aqui no Antagonista, noticiamos os fatos corretamente. Nossos leitores são testemunhas de que avisamos que essa história dos móveis sumidos era infundada e que não fazia sentido técnico algum.
E aqui está a ironia: Bolsonaro processou o governo Lula por difamação, um processo que resultou numa indenização. Mas, antes que alguém comece a comemorar ou se indignar, é importante lembrar que quem está pagando essa indenização é você, eu, todos nós. É a Advocacia-Geral da União que está ali, gastando tempo e recursos para defender o governo Lula, e é o nosso dinheiro que paga a conta do juiz, do processo, até do café que eles tomam durante as audiências. Ou seja, enquanto os poderosos brigam, quem realmente se ferra é o povo.
Quando trabalhei em Angola, aprendi um ditado: “Em briga de elefantes, quem sofre é o capim.” Não importa se você está do lado do Lula ou do Bolsonaro; no final, os elefantes são eles, e nós somos o capim. Eles brigam, se ofendem, se processam, mas quem paga a conta no final somos nós. A AGU está lá para defender o governo, não importa quem esteja no comando. Os custos são nossos, os desgastes são nossos, e a satisfação deles é o troféu que levamos para casa.
A questão que fica é: em que momento o povo vai acordar para o fato de que, independentemente de qual lado da briga você está, o custo sempre recai sobre a sociedade? O caso dos móveis é só um exemplo pequeno, quase pitoresco, de como a máquina pública é usada e abusada pelos que estão no poder. Eles não precisam se preocupar com as consequências porque, no final, o cheque é assinado com o nosso dinheiro.
E sobre desculpas públicas? Nem pensar. Lula e Janja não sentiram a menor necessidade de se retratar. Para eles, o importante é manter seus seguidores satisfeitos, como num grande fã-clube onde mentiras são apenas estratégias de comunicação. E se Bolsonaro processa o governo em vez das pessoas físicas envolvidas, é porque sabe que, juridicamente, seria um beco sem saída. Mas ele não está preocupado com isso; o que importa é o teatro político, e ele saiu com o troféu.
Então, aqui vai a reflexão: se o povo não aprende a se defender, quem é que vai nos defender? Políticos? A julgar pelo que vemos, não parece que seja o caso. Eles estão ocupados demais brincando de elefantes enquanto nós, o capim, continuamos apanhando.