Alexandre Soares na Crusoé: Velhos de terno e gravata falando coisas ridiculamente ‘woke’
Nada se diz de novo, mas pessoas que se mantém na moda em relação às ideias não sabem disso e zombam das ideias de meros dois anos atrás
Já foi, sem dúvida, uma profissão com a possibilidade do heróico – uma profissão de homens de nervos de aço. Mas hoje os jornalistas são historiadores do trivial. Devem crescer sonhando em cobrir revoluções e acabam cobrindo aposentados defecando em prédios públicos.
No momento, pelo menos, não há nada de grandioso acontecendo no Brasil, se é que já houve; então são obrigados, com caras seriíssimas e vozes impressionantemente solenes, a explicarem em detalhes que a Figura Ridícula X importunou algum animal marinho desta maneira, note bem, desta maneira e não daquela, ou que a Figura Ridícula Y correu pelas matas segurando a mão direita de um famoso presidente francês nanico, e não a esquerda.
“A Figura Ridícula X saiu da Embaixada tal andando de moonwalking… Atenção, segundo várias testemunhas ele saiu de moonwalking… As câmeras de segurança não confirmam, mas segundo vários juristas, se isso for verdade isso complica muito a sua situação…”
Isso tudo para dizer que tenho pena dos jornalistas que vejo na tevê. Sempre que vejo o jornal eles parecem exaustos, mal se segurando de pé ali no meio da rua, com o microfoninho deles, olheiras fundas depois de várias madrugadas seguindo meticulosamente os movimentos triviais de pessoas triviais e pedindo a opinião de pessoas solenes e triviais sobre os movimentos triviais, mas bem menos solenes, das pessoas triviais e nem um pouco solenes que nos governam ou que nos governaram um dia. É, agora, uma profissão triste.
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Uma coisa que me irrita é a adoção, no campo das ideias, da mentalidade que se usa em relação a roupas.
Algumas pessoas – sim, ALGUMAS PESSOAS (pigarreando) têm essa atitude de que algumas ideias são cafonas, fora de moda, são ideias que só velhos têm, como é o caso de praticamente todas as ideias de antes de outubro passado.
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