A ‘retratação’ da imprensa pelo maior vexame na cobertura de Gaza
Veículos internacionais como New York Times, CNN, BBC, Wall Street Journal e Associated-Press (AP) publicaram notas e análises (leia mais abaixo) que, em maior ou menor (ou nenhum) grau de mea-culpa, refutam o conteúdo de notícias dadas pelos próprios veículos com base em...
Veículos internacionais como New York Times, CNN, BBC, Wall Street Journal e Associated Press (AP) publicaram notas e análises (leia mais adiante) que, em maior ou menor (ou nenhum) grau de mea-culpa, refutam o conteúdo de notícias dadas pelos próprios veículos com base em alegações do Hamas.
A reviravolta das manchetes sobre o caso do Hospital Árabe Al-Ahli, na Faixa de Gaza, vem se tornando tema de debate mundial sobre a cobertura da imprensa em tempos de guerra, sobretudo quando um país democrático reage a atos terroristas de um grupo especializado em produzir cadáveres, reféns e fake news.
O Antagonista — sob minha direção de jornalismo — não precisou recuar, porque foi e vai continuar sendo prudente e fiel aos fatos na cobertura nacional e internacional, sem adaptar a realidade a teses pré-concebidas, muito menos confiar exclusivamente em terroristas como fonte de informação, que dirá disfarçando a origem dela em atribuições genéricas e falseadas, como “dizem palestinos” ou “informa o Ministério da Saúde do governo em Gaza”.
Não foi por falta de aviso que a imprensa brasileira também se apressou em destacar a explosão no estacionamento do hospital, em 17 de outubro, como um bombardeio israelense que deixou centenas de mortos.
No dia 8, eu, Felipe, turbinei o apelo a que se parasse de “confundir” terroristas e palestinos inocentes. No dia 13, mostrei que o Hamas explora nomenclaturas de governo e uma rede afiliada ao grupo para tentar impedir a evacuação de civis, usados como escudos humanos. Naquela mesma noite, dei a um corte do nosso programa audiovisual, Papo Antagonista, o título: “Viés pró-Hamas marca a pior cobertura da imprensa”. E ela não se emendou.
Logo após a explosão, ainda no dia 17, analisamos a “guerra de versões” entre Israel e Hamas, fazendo todas as ressalvas quanto às alegações do grupo terrorista. Na manhã do dia 18, publiquei a matéria “Exército e TV israelenses apontam, em imagens, culpa da Jihad“, na qual citei especialistas estrangeiros em inteligência de fontes abertas (OSINT, da sigla em inglês para Open-Source Intelligence), que já contrariavam o noticiário internacional. Os títulos do Papo Antagonista dos dias 19, 20 e 21 falam por si: “A pressa da imprensa em acreditar no Hamas“, “A resposta à guerra de desinformação“ e “A estratégia dos terroristas“.
“Os erros da mídia na cobertura da explosão do hospital em Gaza são dos mais graves das últimas décadas”, escreveu Pedro Burgos, professor de comunicação e jornalismo no Insper, no X, antigo Twitter, já no dia 18. “Vejo colegas tentando relativizar, dizendo que ‘ao vivo é difícil’, ou que títulos como ‘Bombardeio de Israel mata 500 em hospital’ não é problema desde que você coloque um ‘afirmam palestinos’. Essa não é uma justificativa remotamente razoável, pela gravidade da acusação. Se Israel mira em um hospital cheio de gente, matando 500 ou mais, como foi reportado em vários lugares, isso muda substancialmente o curso da guerra”, afirmou, citando três exemplos:
“– Muda a forma como a comunidade internacional vê Israel (leia as condenações de chefes de estado imediatamente após a ‘notícia’), o que pode levar de diminuição de apoio público até a sanções;
– Aumenta fortemente o sentimento anti-Israel de povos árabes pelo mundo. Veja o que aconteceu nas embaixadas de lugares tão variados, do Líbano à Argentina. Vários países viraram destinos proibidos para judeus. Esta notícia especificamente jogou gasolina;
– Dá argumentos fortes para o caso de genocídio em cortes internacionais. Ou no mínimo crimes de guerra, o que forçaria Israel a negociar em outros termos, ou se isolar ainda mais, como a Rússia.”
Para John Burn-Murdoch, colunista e chefe de reportagem de dados no Finantial Times, “a principal razão” pela qual “grande parte da grande mídia continua escorregando em Gaza/Israel” é “a incapacidade de acompanhar as técnicas modernas de coleta de notícias”, em meio à “proliferação de fotos/filmagens, imagens de satélite e dados de mapas”: “a análise forense de vídeo/imagem e geolocalização” é técnica fundamental “há vários anos”, mas está “completamente ausente na maioria das redações”.
“Isto significa que, quando há acontecimentos se desenrolando rapidamente em meio a uma névoa de guerra, a maioria das organizações de notícias ainda depende completamente do que suas fontes lhes dizem. Isso não é o ideal, ainda mais quando diferentes fontes estão claramente motivadas a enganar”, escreveu Burn-Murdoch no X.
“Assim, acabamos por ter situações em que veículos enormes e respeitados relatam como fatos coisas que já foram demonstradas por coletores de notícias tecnicamente competentes fora das redações como sendo falsas ou, pelo menos, altamente incertas. É extremamente prejudicial confiar no jornalismo”, lamentou ele, embora cite Washington Post, NYT e Financial Times como veículos que já contam com equipes de OSINT.
“É claro que as organizações de notícias também não se ajudam insistindo em apresentar resultados definitivos imediatamente. Obviamente, sinto o desejo de ser o primeiro e a aversão instintiva à ambiguidade. Mas, em situações como esta, certamente é melhor ser o segundo e definitivamente correto. Tenho certeza de que a grande mídia vai se atualizar, mas isso precisa acontecer rápido para manter a confiança e até mesmo a relevância, ou os leitores irão para outro lugar”, concluiu.
Os leitores (e espectadores) podem vir para O Antagonista.
Leia abaixo a reviravolta das manchetes:
1) The New York Times
Principal manchete do jornal americano sobre o caso, destacada em seu portal no dia 17:
“Ataques israelenses matam centenas em hospital, dizem palestinos”
Variação posterior:
“Centenas relatados mortos em explosão em hospital de Gaza”
Ajuste parcial:
“Após explosão em hospital, manchetes mudam com mudança de alegações”
Subtítulo:
“Os acontecimentos em rápida evolução realçaram a dificuldade em cobrir a guerra entre Israel e Hamas”
Eu, Felipe, comentei em minhas redes sociais:
“Na verdade, as alegações não mudaram. Os acontecimentos realçaram a pressa do NYT e do restante da imprensa em acreditar no Hamas para culpar Israel.” E acrescentei: “A imprensa muda manchetes, mas ainda tenta se eximir de responsabilidade.”
O NYT, então, buscou colocar a culpa no grupo terrorista e emplacou nova manchete:
“Hamas fracassa em demonstrar que Israel atacou hospital”
Subtítulo:
“Um alto membro do Hamas disse que ‘não sobrou nada’ da munição que atingiu o Hospital Árabe Al-Ahli, na cidade de Gaza, na semana passada, matando centenas de pessoas. Israel diz que a explosão foi causada por um foguete palestino que falhou”
Trecho da matéria:
“Cinco dias depois de ter acusado Israel de bombardear um hospital em Gaza, o Hamas ainda não apresentou qualquer prova disso, afirmou não ter encontrado restos da bomba e se negou a demonstrar o número de vítimas.”
Ora, deve ser porque um grupo terrorista que comete assassinatos em massa e sequestra até mulheres e bebês não tem qualquer compromisso com a verdade, não é mesmo? Ou o NYT ainda não havia reparado?
Como o jornal fracassou em culpar apenas o Hamas, seu editor finalmente publicou uma nota nesta segunda, 23, admitindo erros cometidos desde o começo da cobertura do caso, “muito” baseada “nas alegações do Hamas”:
“Em 17 de outubro, o New York Times publicou a notícia de uma explosão num hospital na cidade de Gaza, abrindo a sua cobertura com alegações de funcionários do governo do Hamas de que um ataque aéreo israelense foi a causa e que centenas de pessoas estavam mortas ou feridas. O relatório incluiu uma grande manchete no topo do site do Times.
“(…) Os relatos iniciais do Times atribuíram a alegação de responsabilidade israelense a autoridades palestinas e observaram que os militares israelenses disseram que estavam investigando a explosão. No entanto, as primeiras versões da cobertura — e a proeminência que recebeu em manchete, alerta de notícias e canais de mídia social — se basearam muito nas alegações do Hamas e não deixaram claro que essas alegações não poderiam ser verificadas imediatamente.
O relatório deixou os leitores com uma impressão incorreta sobre o que era conhecido e o quão crível era o relato.”
2) CNN Internacional
Principal manchete, destacada em seu portal:
“Centenas foram mortos em ataque de Israel em hospital de Gaza, dizem oficiais palestinos”
Outras manchetes se sucederam, buscando culpar Israel também por impedir o atendimento médico das vítimas:
“Israel acusado de explodir hospital e escola em Gaza, enquanto o bloqueio paralisa o sistema de saúde”
“Centenas de mortos provavelmente em explosão do hospital de Gaza, enquanto o bloqueio israelense prejudica a resposta médica”
Diante das refutações dessas narrativas, a emissora abriu investigação sobre o caso.
O jornalista Alex Marquardt, promovido dois meses antes a correspondente-chefe de defesa nacional, apresentou na sexta-feira, 19, a conclusão da CNN Internacional, durante conversa ao vivo com o âncora Jake Tapper.
“Juntando tudo, a CNN analisou dezenas de vídeos em redes sociais e em transmissões ao vivo, e filmados por um jornalista freelance em Gaza, que mostram a explosão e suas consequências.
Uma análise completa da CNN dessas filmagens sugere que a explosão devastadora não foi resultado de um ataque aéreo israelense.
E vários especialistas dizem que a evidência visual aponta para a possibilidade de que foi causado por um foguete.
Agora, Jake, isso não prova as afirmações feitas pelas inteligências israelense e americana. Mas é consistente em suas afirmações de que a explosão ocorreu devido a uma falha de um foguete local.”
Jake Tapper complementou:
“Um lembrete é que o Ministério da Saúde palestino é controlado pelo Hamas.”
Em matéria publicada por escrito no domingo, 22, e reverberada ao vivo na TV, a emissora ressalvou que, “sem a capacidade de acessar o local e coletar evidências no terreno, nenhuma conclusão pode ser definitiva”.
“Mas a análise da CNN sugere que um foguete lançado de dentro de Gaza se partiu no ar e que a explosão no hospital foi o resultado da queda de parte do foguete no complexo hospitalar.
Especialistas em armas e explosivos com décadas de experiência na avaliação de danos causados por bombas, que analisaram as evidências visuais, disseram à CNN que acreditam que este é o cenário mais provável — embora avisem que a ausência de restos de munições ou estilhaços no local torna difícil ter certeza. Todos concordaram que as provas disponíveis dos danos no local não eram consistentes com um ataque aéreo israelense.”
Não há registro, até o momento, de nota da emissora admitindo erros, como a do editor do NYT.
3) BBC
Manchete inicial:
“Centenas de pessoas foram mortas em ataque de Israel a um hospital em Gaza, dizem oficiais palestinos”
Nas redes sociais, o título foi acompanhado apenas da expressão “siga as últimas” (notícias/atualizações, claro).
Naquela mesma noite, eu, Felipe, publiquei em O Antagonista a matéria “Porta-voz do Exército israelense contesta ao vivo cobertura da BBC”.
Depois, quando as Forças de Defesa de Israel divulgaram o anunciado áudio de uma conversa entre terroristas, a emissora noticiou assim:
“Daniel Hagari, porta-voz das FDI, diz que conversa em Gaza discutiu foguete falho.
A BBC não conseguiu verificar as alegações de Hagari.”
O duplo padrão no tratamento das alegações do Hamas (sem ressalva) e de Israel (com ressalva à informação) rendeu no dia 18 uma ironia das FDI, que reuniu os dois prints no X e comentou:
“A BBC afirma ser imparcial e independente…
Mas não conseguimos verificar essas afirmações.
Em vez disso, eles escolhem acreditar numa organização terrorista genocida.”
No dia 19, diante de outras refutações à manchete inicial, a BBC publicou uma nota, tentando justificar o seu primeiro erro na cobertura do caso e reconhecendo a parte dele relativa à especulação.
“O contexto
Revimos a nossa cobertura das consequências imediatas da explosão no hospital Al-Ahli Arab, na cidade de Gaza, na noite de terça-feira.
Durante esses momentos, nosso correspondente em Jerusalém fazia uma análise instantânea de uma história que era confusa e difícil.
O programa [de TV, para o qual ele fornecia as informações] deixou claro repetidamente que ainda não havia verificado quem estava por trás da explosão, inclusive em questionamento do apresentador.
O correspondente disse que os israelenses foram contactados e estavam investigando, acrescentando: ‘É difícil ver o que mais isso poderia realmente ser, dado o tamanho da explosão, além de um ataque aéreo israelense ou vários ataques aéreos’. Ele então explicou que, em sua experiência de repórter em Gaza, nunca tinha visto explosões desta escala causadas por foguetes disparados para fora do território. Ele ressaltou novamente que as fotos ainda precisavam ser verificadas.
Nós aceitamos que, mesmo nesta situação em rápida evolução, foi errado especular desta forma, embora ele não tenha relatado em nenhum momento que se tratava de um ataque israelense.
Isto não representa a totalidade da produção da BBC e qualquer pessoa que assista, ouça ou leia a nossa cobertura pode ver que expusemos as alegações concorrentes de ambos os lados sobre a explosão, mostrando claramente quem está dizendo e o que nós sabemos ou não.”
A nota foi imediatamente rebatida.
“Centenas de palavras de nada”, comentou o porta-voz das FDI, Jonathan Conricus, sobre o que chamou de “desculpa” da BBC “para sua péssima edição, escalação, reportagem e verificação de fatos” relativos ao caso do hospital em Gaza.
“É talvez a tentativa mais desonesta de todos os tempos de encobrir reportagens tendenciosas.”
4) The Wall Street Journal
Manchete inicial:
“Ataque israelense em Gaza mata mais de 500, dizem oficiais palestinos”
Em 21 de outubro, quatro dias depois, o jornal americano publicou sua análise do caso, concluindo que a causa da explosão foi um míssil lançado de Gaza que falhou.
Eis a tradução do vídeo do WSJ:
“Em 17 de outubro, houve uma explosão nas imediações do Hospital Árabe Al-Ahli em Gaza, que provocou a morte de civis.
Autoridades palestinas culparam Israel, mas uma análise visual feita pelo Wall Street Journal mostra que a explosão foi causada por um míssil que falhou e que havia sido lançado de Gaza, de onde o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina têm disparado mísseis contra Israel desde o início da guerra, duas semanas atrás.
Por volta das 6h59 (horário local), câmeras capturaram os momentos antes e depois do incidente. O WSJ geolocalizou e checou os horários das filmagens e mapeou o ângulo de visão das câmeras.
Câmera 1 é uma transmissão ao vivo de uma webcam localizada ao sul de Tel Aviv, apontada para Gaza;
Câmera 2 é uma câmera de segurança em Israel, próxima à fronteira norte de Gaza, também apontada para o sul;
Câmera 3 é uma câmera de transmissão ao vivo da rede de notícias Al Jazeera, no oeste de Gaza, apontada para o leste;
E a Câmera 4 é a do celular de uma pessoa próxima, a sudeste do hospital.
Com essa combinação de imagens, podemos ver o míssil que falhou e a explosão resultante.
Ao redor das 6h59, a Câmera 2, próxima à fronteira de Gaza, mostra o que os especialistas afirmam ser uma ‘bateria de mísseis de curto alcance’, algo em torno de 20 km a 40 km, sendo lançados do oeste de Gaza em direção nordeste para Israel.
Então, 20 segundos depois, vemos o que especialistas dizem ser ‘um foguete de longo alcance’ saindo de Gaza. O míssil foi lançado para o nordeste em direção a Israel.
Dez segundos após o lançamento, um pequeno flash de luz é visto e o foguete começa a virar de volta para o oeste.
O flash e a mudança de trajetória são consistentes com a falha de um míssil e não com o abate feito pelo sistema de defesa de Israel, o Iron Dome.
Especialistas em armamentos disseram ao WSJ que ‘essa mudança de trajetória é causada pela explosão de um dos propulsores do foguete’.
Na Câmera 3, a da Al Jazeera apontada para o leste, é possível ver a pequena explosão e então um rastro de fogo se espalha, como se a explosão do propulsor rompesse a fuselagem do míssil e incendiasse combustível. O míssil vai para o oeste, em direção à câmera 3, no caminho do hospital.
Quinze segundos após o lançamento, o míssil apresenta uma falha completa e se despedaça.
Há uma pequena explosão no solo e então uma segunda explosão ao lado do hospital.
Um morador, virado para o nordeste em direção ao hospital, registra o momento do impacto. O fogo toma o local e queima por um longo período.
Especialistas afirmam que ‘a grande bola de fogo é causada, provavelmente, pela quantidade de combustível ainda no foguete que tinha acabado de ser lançado’.
Especialistas em explosão que examinaram as imagens e fotos após o incidente apontam mais evidências de que uma falha em um míssil foi a causa da explosão em solo.
Essa cratera mostra um padrão de impacto vindo do leste, em linha com a direção do foguete. A pouca profundidade da cratera também é consistente com uma falha em um míssil.
Especialistas apontam que ‘os carros mais próximos à cratera foram provavelmente atingidos por fragmentos do foguete, que causou a explosão de um deles e o incêndio de diversos outros’.
Essas marcas próximas à cratera, os danos nos prédios, mostram que fragmentos voaram pelos gramados próximos, onde civis se abrigavam.
Falhas em mísseis não são incomuns nos conflitos entre Hamas e Israel. As Nações Unidas estimaram que, em uma disputa em 2022 entre os dois lados, cerca de 20% dos mísseis lançados de Gaza falharam e, em três ocasiões, causaram um grande número de vítimas civis.”
5) Associated Press (AP)
Manchete inicial:
“Hamas diz que ataque israelense em hospital de Gaza mata centenas”
No dia 21, a agência internacional de notícias também publicou o resultado de sua investigação visual, feita com especialistas:
“A análise da AP mostra que o foguete que explodiu no ar foi disparado de dentro do território palestino, e que a explosão do hospital provavelmente foi causada quando parte desse foguete caiu no chão.”
O texto ainda registra, com prints, os informes dos próprios terroristas sobre mísseis disparados contra Israel naquele horário.
“Às 19h, um minuto após a explosão, o braço militar do Hamas, as Brigadas Al-Qassam, afirmou em seu canal de Telegram que ‘disparou uma saraivada de foguetes contra a ocupada Ashdod’. Ashdod é uma cidade costeira israelense a cerca de 50 quilômetros ao norte de Gaza.
Minutos depois, a Jihad Islâmica, um grupo militante que atua com o Hamas, também publicou no Telegram que havia lançado um ataque com foguetes contra Tel Aviv, em resposta ‘ao massacre contra civis’. Durante a hora seguinte, houve mais cinco mensagens de grupos militantes anunciando ataques com foguetes contra Israel.”
A AP também explica o que eu havia explicado no Papo Antagonista sobre o ponto cego das imagens do caso, que precisaria ser elucidado em razão de outros elementos de análise:
“Algumas das questões sobre quem é o culpado concentram-se no intervalo de três segundos entre a ruptura explosiva do foguete no céu e a explosão no solo no Hospital Árabe al-Ahli, e se esses dois eventos estão ligados, especialmente porque os vídeos analisados pela AP não parecem mostrar nenhum traço de luz que siga o foguete até o solo.”
Assim como as análises dos demais veículos e especialistas, porém, a da AP mostrou que há uma série de outros elementos apontando para a foguete falho de Gaza e nenhum para um bombardeio israelense.
O porta-voz das FDI, Jonathan Conricus, comentou no X:
“A análise visual da AP confirma as declarações das FDI de que o hospital foi atingido por um foguete palestino, mas não faz perguntas importantes: onde estão os corpos? Como poderia o Hamas escapar impune ao reivindicar 500 mortos, quando não há provas de pessoas no estacionamento?”
Israel vem publicando nome, sobrenome e foto das vítimas dos terroristas, não raro com histórico pessoal. O Hamas dispara apenas números, com o mesmo despudor com que dispara mísseis de locais ao lado de prédio da ONU, mesquita, jardim de infância, escola e, claro, hospital.
****
Atualização: dias depois do artigo acima, Washington Post publicou análise na mesma linha dos demais veículos e Folha de S. Paulo publicou “erramos”.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)