A ‘repetização’ da Petrobras
No fim de semana, circulou a informação de que Lula quer aproveitar a disparada dos combustíveis para defender em sua campanha a “renacionalização” da Petrobras. Nós já vimos esse filme. Na prática, significa fazer proselitismo com a petroleira para bancar o projeto político petista, azeitado pela corrupção. Foi esse tipo de política que levou a […]
No fim de semana, circulou a informação de que Lula quer aproveitar a disparada dos combustíveis para defender em sua campanha a “renacionalização” da Petrobras. Nós já vimos esse filme. Na prática, significa fazer proselitismo com a petroleira para bancar o projeto político petista, azeitado pela corrupção.
Foi esse tipo de política que levou a Petrobras à maior crise de sua história, acumulando também a maior dívida global do setor em 2014: US$ 160 bilhões. Nesse valor estão embutidos os mais de R$ 6 bilhões do petrolão e outros R$ 15 bilhões de erros de projeto.
A gestão petista, com sua megacorrupção e incompetência generalizada, levou à empresa a um beco sem saída. Ou melhor, a uma saída chinesa. Sem acesso a bancos privados, a Petrobras teve que recorrer à China para novas linhas de crédito, dando em troca milhares de barris de petróleo em condições especiais.
Em 2021, a dívida da companhia caiu a US$ 59,6 bilhões.
Parte do problema também foi resolvido com a execução de um amplo programa de desinvestimento, que incluiu o fechamento de três plantas de fertilizantes, a venda da BR Distribuidora e um acordo com o Cade para a venda de 8 refinarias.
Em artigo publicado hoje no Estadão, o general Luna e Silva relembra que a Petrobras “precisou limitar seus investimentos e, consequentemente, atrasar o desenvolvimento do pré-sal, porque precisava direcionar boa parte de seus recursos para o pagamento de dívidas” e que“agora, que a empresa tem suas finanças recuperadas, estamos preparados para aproveitar a janela de oportunidade da transição energética e estamos investindo na aceleração do desenvolvimento do pré-sal.”
“O petróleo vindo dessa camada já é responsável por mais de 70% da produção de petróleo da companhia. Até 2026, vamos investir quase US$ 40 bilhões em projetos nesta camada. Ao fim, 79% de nossa produção de petróleo equivalente virá do pré-sal.”
O general poderia ter aproveitado para dizer que nosso parque de refino não é capaz de refinar grande parte do óleo produzido nem de suprir a demanda interna por outros derivado.
A propósito, não está sendo fácil se livrar de alguns abacaxis. Até o fim do ano passado, a Petrobras só havia conseguido vender a Landulpho Alves (RLAM), a Isaac Sabbá (Reman) e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX). Ninguém quis a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) nem a Presidente Getúlio Vargas (Repar), muito menos a multibilionária e hiperfaturada Abreu e Lima (Rnest).
E aqui vale um parêntese para também relembrar o artigo de Samuel Pessoal, Luana Furtado e Adriano Pires, publicado no ano passado, mostrando que Abreu e Lima custou, em média, cinco vezes mais que 11 outras usinas mundo afora.
Enquanto aqui gastou-se US$ 18,4 bilhões para colocar em funcionamento uma planta com capacidade para refinar 115 mil barris por dia, a Índia precisou de US$ 12 bilhões para lançar uma planta que processa 1,24 milhão de barris/dia. A ExxonMobil, em Cingapura, gastou US$ 18,6 bilhões numa usina com capacidade cinco vezes maior que Abreu e Lima.
Errar é humano, mas insistir neste erro será um crime.
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