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A guerra cultural do MST

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Madeleine Lacsko
3 minutos de leitura 30.08.2023 16:21 comentários
Opinião

A guerra cultural do MST

O MST já se tornou um ícone cultural brasileiro. Na cabeça das pessoas, há uma opinião cristalizada contra ou a favor de um movimento de trabalhadores rurais que invadem terras. Isso pode ter sido uma...

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Madeleine Lacsko
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A guerra cultural do MST
Arte: O Antagonista.

O MST já se tornou um ícone cultural brasileiro. Na cabeça das pessoas, há uma opinião cristalizada contra ou a favor de um movimento de trabalhadores rurais que invadem terras. Isso pode ter sido uma foto do momento décadas atrás. O imbroglio da CPI do MST mostra que a coisa mudou.

Foram bombásticos os depoimentos de ex-assentados escorraçados e agredidos por não votarem no PT. A revista Crusoé trouxe recentemente uma capa com vários desses relatos e denúncias de extorsão, em que invasores cobravam dos proprietários para devolver as terras. Agora, a reportagem obteve novos relatos, que serão divulgados em breve.

No imaginário da esquerda gourmet brasileira, paternalista e elitista, o MST é visto como inimputável. Aliás, para além disso, é visto como símbolo cultural de que o opressor se converteu em aliado. Basta colocar o boné do MST que você entra no camarote de defensor de alguma minoria.

Seria só um dado do ridículo da esquerda gourmet caso a cultura não afetasse a realidade. Isso ficou evidente na CPI, que está dividida e corre um sério risco de terminar parindo um rato. O relatório final da próxima segunda-feira promete indiciamentos muito fracos.

A batalha em torno do MST é, tanto à direita quanto à esquerda, muito mais simbólica do que real. Não faltaram depoimentos e, como mostra o trabalho da Crusoé e de O Antagonista, dados reais sobre a atuação dos líderes do movimento. Mas não é isso que os deputados combatem, é a ideia do MST, já descolada da realidade há muitos anos.

A direita fala sobre invasões criminosas, mas esse era o problema central décadas atrás. Agora falamos de um movimento liderado por homens poderosos, não por trabalhadores rurais. Eles reivindicam muito mais que terras. Querem, por exemplo, faculdade de medicina pública exclusiva para seus membros, um Estado dentro do Estado. Só que esse dado de realidade não está na narrativa preferencial da direita, então ela não combate.

Pela esquerda, a coisa anda na mesma toada. Por que o MST apóia, por exemplo, a deputada Sâmia Bonfim (Psol-SP) em vez de promover trabalhadores rurais na política? Porque o objetivo não tem mais a ver com terras, a prioridade é a guerra cultural da bancada hashtag.

Isso é importante porque molda a visão da imprensa, majoritariamente progressista, afetando a forma como são noticiados os fatos sobre o MST.

A realidade desmontaria uma narrativa importante para a elite progressista, a de que ela própria é inclusiva e democrática. Frequentar feirinhas do MST e repetir que ele é o maior produtor de arroz orgânico do país são símbolos importantes para o grupo. Isso afeta a forma como as informações são passadas para o grande público.

O MST é muito mais eficiente em guerra cultural do que nos assuntos fundiários. Resta saber quais são os reais interesses dos seus líderes quase 30 anos depois da fundação.

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