Trump desmantela políticas identitárias e divide a esquerda americana
Socialistas e sindicalistas criticam a agenda identitária e defendem foco na luta de classes

O desmonte das políticas identitárias promovido por Donald Trump tem revelado um racha na esquerda americana.
Enquanto alguns líderes, como o reverendo Al Sharpton, defendem essas iniciativas, setores socialistas e sindicalistas criticam, acusando o “wokismo” de divisivo, ineficaz e uma distração no combate à desigualdade econômica, segundo o The New York Times.
Recentemente, Sharpton liderou um ato de apoio ao supermercado Costco no Harlem, em Nova York. Com cerca de 100 manifestantes, ele buscava demonstrar solidariedade à rede por manter práticas de contratações seletivas por raça.
A ação foi alvo de críticas de figuras importantes da esquerda. Bhaskar Sunkara, presidente da revista progressista A Nação, criticou Sharpton, dizendo que ele estava “transformando o Costco em um símbolo de progresso” poucos dias antes de uma greve de seus funcionários.
A divisão reflete uma tensão crescente dentro da esquerda americana. Críticos como Sunkara e Faiz Shakir, ex-chefe de campanha de Bernie Sanders, argumentam que as políticas identitárias fragmentam a classe trabalhadora e desviam o foco do enfrentamento ao poder corporativo.
“Essas políticas são uma forma barata de apaziguar as demandas por justiça social, oferecendo migalhas enquanto ignoram a necessidade de mudanças estruturais”, afirmou Shakir.
Esse embate não significa que os socialistas estejam alinhados a Trump. Eles veem o presidente como alguém que usa o desmonte das políticas identitárias como pretexto para enfraquecer sindicatos e cortar programas sociais. Ainda assim, acreditam que o momento pode ser uma oportunidade para reorientar o Partido Democrata em direção a uma agenda mais focada nos trabalhadores.
Jennifer C. Pan, autora do livro Vendendo Justiça Social: Por Que os Ricos Adoram o Antirracismo, argumenta que essas políticas são frequentemente usadas por empresas para enfraquecer campanhas de sindicalização.
“São ferramentas gerenciais disfarçadas de progresso social”, afirmou. Segundo estudos citados por Pan, sindicatos são mais eficazes do que políticas identitárias para reduzir desigualdades salariais e garantir direitos trabalhistas.
Jaz Brisack, que liderou a sindicalização na Starbucks, reforça esse ponto: “um contrato sindical tem muito mais poder de obrigar empresas a agirem do que promessas vagas de inclusão”. Kevin Gallagher, ex-funcionário da Apple, concorda: “A verdadeira proteção contra discriminação no local de trabalho está nos direitos garantidos por sindicatos, não em slogans corporativos.”
Apesar das críticas, moderados dentro do Partido Democrata alertam que a eliminação dessas políticas pode expor trabalhadores de minorias a maiores abusos. No entanto, socialistas como Sunkara argumentam que a ênfase na identidade impede a construção de uma coalizão ampla e eficaz. “Focar nas diferenças só divide a classe trabalhadora”, disse ele.
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Comentários (1)
Maraci Rubin
08.02.2025 18:51Estou achando excelente que finalmente pessoas de esquerda nos Estados Unidos estão acordando pro fato de que identitarismo traz mais prejuízos do que benefícios às minorias.