O governo de Donald Trump enviou para El Salvador centenas de venezuelanos acusados de serem membros da gangue Tren de Aragua, mesmo após a Justiça dos EUA bloquear a aplicação de uma lei de 1798 para acelerar as deportações. 

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, publicou neste domingo, 16, em suas redes sociais um vídeo que mostra os homens algemados sendo retirados de um avião durante a noite e levados para a prisão, onde tiveram as cabeças raspadas. 

Bukele afirmou que os 238 membros do Tren de Aragua foram transferidos para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), a prisão de segurança máxima do país.

O acordo entre os Estados Unidos e El Salvador envolve o pagamento de uma taxa baixa pelos americanos, enquanto o país centro-americano recebe recursos para manter os prisioneiros em seu sistema carcerário. 

El Salvador foi o único país da América Central a aceitar a transferência de detentos, apesar de a Guatemala, Panamá e Costa Rica terem concordado em servir de “ponte” para os imigrantes deportados pelos EUA. Bukele havia se oferecido para receber prisioneiros e afirmou que o país tem capacidade para manter até 40 mil detentos.

Em resposta, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, agradeceu a Bukele pela cooperação e afirmou que a transferência ajudaria a economizar recursos dos contribuintes americanos, ao mesmo tempo que manteria os membros do Tren de Aragua sob custódia em El Salvador.

A Lei de Inimigos Estrangeiros permite deportações sumárias sem o devido processo legal. Originalmente criada para ser usada em tempos de guerra, foi invocada pelo governo Trump para justificar a deportação dos venezuelanos acusados de envolvimento com o Tren de Aragua.  A facção foi recentemente declarada uma organização terrorista pelos Estados Unidos.

A decisão de um juiz do Tribunal Distrital Federal de Washington, porém, bloqueou temporariamente as deportações com base na lei. O magistrado atendeu a um pedido de organizações civis, que alegaram que a medida violava os direitos dos imigrantes. 

O vídeo publicado por Bukele, que mostra os prisioneiros desembarcando após a ordem judicial, levantou suspeitas de que o governo dos EUA tenha ignorado a determinação do juiz.