Protestos podem “elevar preço” dos reféns
Mordechai Kedar, especialista em Oriente Médio, explica o impacto das manifestações israelenses na percepção árabe e as consequências para os reféns
Em entrevista à Israel National News. o especialista em Oriente Médio, Dr. Mordechai Kedar, analisou as recentes manifestações em Israel e seu impacto nas negociações de reféns.
Kedar argumentou que, embora muitos acreditem que os protestos sejam em apoio às famílias dos reféns, na verdade, podem estar inadvertidamente “elevando o preço” exigido pelos sequestradores.
Ele observou que os protestos atraem imediata atenção do mundo árabe, com emissoras regionais retransmitindo as manifestações ao vivo. Essa visibilidade, segundo ele, é usada estrategicamente para demonstrar instabilidade interna em Israel, reforçando a narrativa de que a sociedade está se dividindo. “Eles estão mais do que seguros de que os israelenses acabarão por se destruir através destas demonstrações”, destacou Kedar.
Sobre o impacto direto nos reféns, Kedar destacou que apenas uma fração das famílias dos reféns realmente participou dos protestos. A grande maioria entende que aumentar a visibilidade e o caos nas ruas apenas serve para elevar as demandas dos sequestradores, tornando as negociações ainda mais desafiadoras para Israel.
Além disso, Kedar refletiu sobre as dificuldades de lidar com terroristas: “com o Hamas, você não pode jogar jogos. Aqui você tem que ser decisivo ao máximo”, afirmou.
A “Lei da Al Jazeera”
O parlamento de Israel, conhecido como Knesset, aprovou uma legislação nesta segunda-feira, 1, apelidada de “Lei da Al Jazeera”, autorizando o governo a suspender temporariamente as atividades de emissoras estrangeiras no país se forem consideradas uma ameaça à segurança nacional.
A decisão, que passou com 71 votos a favor e 10 contra nas leituras finais, foca especialmente na Al Jazeera, a emissora estatal do Qatar, uma monarquia absolutista islâmica.
A aprovação desta lei ocorre em um contexto de críticas prolongadas à cobertura da Al Jazeera por parte de Israel, que acusa a emissora de favorecer o Hamas e comprometer a segurança das Forças de Defesa de Israel em Gaza. Anteriormente, o governo israelense havia evitado medidas diretas contra a Al Jazeera, optando por fechar as transmissões de um canal libanês pró-Irã em uma ação separada sob regulamentações emergenciais de mídia.
Shlomo Karhi, ministro das comunicações e membro do partido Likud do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, anunciou logo após a votação que a subsidiária da Al Jazeera em Israel seria fechada em breve, declarando: “não haverá liberdade de expressão para os porta-vozes do Hamas em Israel”. Ele destacou a importância da lei como um mecanismo contra o abuso da liberdade de imprensa para prejudicar a segurança de Israel e incitar ao terrorismo.
A legislação gerou controvérsias internacionais, inclusive com críticas vindas dos Estados Unidos. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, expressou preocupações sobre a medida, ressaltando o compromisso dos EUA com a liberdade de imprensa e o papel vital dos jornalistas na cobertura de conflitos globais, incluindo o de Gaza.
A “Lei da Al Jazeera” outorga ao primeiro-ministro e ao ministro das Comunicações o poder de ordenar o encerramento de emissoras estrangeiras que atuem no território israelense e de apreender seus equipamentos, caso sejam vistos como prejudiciais à segurança do Estado.
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