Primeiro eclipse solar artificial é criado por missão europeia
O avanço representa um marco para a pesquisa solar, oferecendo dados essenciais para compreender fenômenos que afetam diretamente a Terra.

Em 5 de dezembro de 2024, a Agência Espacial Europeia (ESA) lançou a missão Proba-3, um projeto inovador que trouxe uma nova abordagem para o estudo da coroa solar, a camada mais externa da atmosfera do Sol e utilizando dois satélites sincronizados, a missão conseguiu criar um eclipse solar artificial no espaço, permitindo a obtenção de imagens inéditas e detalhadas da coroa.
O avanço representa um marco para a pesquisa solar, oferecendo dados essenciais para compreender fenômenos que afetam diretamente a Terra.
O sistema desenvolvido pela ESA consiste em dois satélites que voam em formação precisa, separados por apenas 150 metros. Essa configuração permite bloquear a luz mais intensa do Sol, criando uma sombra artificial que possibilita a observação de detalhes antes inacessíveis.
O instrumento responsável por registrar essas imagens é o ASPIICS, um coronógrafo de alta tecnologia desenvolvido por um consórcio europeu liderado pela Bélgica, resultado de uma colaboração internacional que reúne diversas instituições científicas da Europa.
Como funciona o eclipse solar artificial criado pela missão Proba-3?
A missão Proba-3 utiliza dois satélites: o Coronógrafo e o Ocultador. O Ocultador posiciona-se à frente do Coronógrafo, bloqueando a luz direta do Sol e criando uma sombra precisa sobre o sensor óptico do outro satélite.
Esse alinhamento é mantido com extrema precisão, graças a sistemas de navegação avançados que garantem um desvio máximo de apenas um milímetro entre as naves. Dessa forma, é possível simular um eclipse solar total no espaço, permitindo a observação contínua da coroa solar sem as limitações dos eclipses naturais.
O ASPIICS, sigla para Associação de Espaçonaves para Investigação Polarimétrica e de Imagem da Coroa Solar, capta imagens em alta resolução da coroa solar. A tecnologia empregada reduz drasticamente a luz dispersa, revelando estruturas e fenômenos que antes passavam despercebidos.
Esse método supera os coronógrafos tradicionais, que enfrentam dificuldades para eliminar a luz intensa do Sol e, por isso, não conseguem observar regiões tão próximas da superfície solar.
Última noticia – ¡Hemos hecho nuestro propio eclipse solar en el espacio! 🌘
— ESA España (@esa_es) June 16, 2025
Hemos publicado las primeras imágenes de nuestra misión Proba-3, que hace volar dos naves espaciales en formación precisa para crear eclipses solares artificiales en órbita.
Gracias a un potente… pic.twitter.com/wAUHY6WO4D
Quais são os principais resultados obtidos pelas primeiras imagens da coroa solar?
As primeiras imagens captadas pela missão Proba-3 já trouxeram informações valiosas para a comunidade científica. Entre os destaques, estão detalhes inéditos sobre o comportamento do vento solar e das ejeções de massa coronal, fenômenos que têm impacto direto no clima espacial e podem afetar sistemas de comunicação, redes elétricas e satélites na Terra.
Em maio de 2024, por exemplo, uma forte tempestade geomagnética causada por uma ejeção de massa coronal provocou interrupções em diversos serviços tecnológicos.
Além do ASPIICS, a missão conta com outros instrumentos, como o Radiômetro Digital Absoluto (DARA), que mede a energia total emitida pelo Sol, e o Espectrômetro de Elétrons Energéticos 3D (3DEES), que analisa partículas nos cinturões de radiação da Terra.
Esses equipamentos trabalham em conjunto para fornecer um panorama completo das interações entre o Sol e o ambiente espacial próximo ao nosso planeta.
#LecturasDeDomingo – @ESASolarOrbiter
— ESA España (@esa_es) June 15, 2025
ofrece las primeras imágenes nítidas del polo sur del Sol. 👇https://t.co/6Fty4FOkAZ pic.twitter.com/zsL5aMjcjw
Como a missão Proba-3 contribui para a previsão de impactos solares na Terra?
Os dados coletados pela Proba-3 alimentam modelos computacionais que simulam o comportamento da coroa solar e seus efeitos sobre a Terra. Instituições de toda a Europa utilizam essas informações para aprimorar as previsões de tempestades solares e outros eventos que podem afetar a infraestrutura tecnológica terrestre.
O software COCONUT, desenvolvido pela Universidade KU Leuven, na Bélgica, é um dos principais programas utilizados para comparar simulações com imagens reais, ajustando variáveis e tornando as previsões mais precisas.
- Monitoramento contínuo: A Proba-3 pode gerar eclipses artificiais a cada 19,6 horas, permitindo observações frequentes e prolongadas da coroa solar.
- Compartilhamento de dados: As imagens e informações obtidas são disponibilizadas abertamente para a comunidade científica internacional.
- Avanço tecnológico: A missão emprega sistemas de navegação e óptica desenvolvidos especialmente para o projeto, estabelecendo novos padrões para missões espaciais de formação precisa.
Com a capacidade de produzir eclipses artificiais longos e regulares, a missão Proba-3 supera as limitações dos eclipses naturais, que são raros e de curta duração.
Isso permite um estudo mais aprofundado da coroa solar, contribuindo para desvendar mistérios como a diferença de temperatura entre a coroa e a superfície do Sol, além de fornecer subsídios para proteger sistemas tecnológicos na Terra contra os efeitos da atividade solar.
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