Líderes católicos acusam Maduro de caminhar para o totalitarismo
A Academia de Líderes Católicos afirmou que a declaração de vitória de Maduro para a reeleição não pode ser considerada legítima e que o regime venezuelano caminho para o totalitarismo
A Academia de Líderes Católicos, uma fundação sem fins lucrativos, realizou na quarta-feira, 7 de agosto, um fórum virtual com a participação de importantes líderes religiosos da América Latina.
A fraude eleitoral do dia 28 de julho, que desencadeou manifestações de cidadãos e críticas internacionais e respostas violentas da ditadura de Nicolás Maduro é motivo de preocupação para cardeais e bispos de diferentes nacionalidades, que concordam com a necessidade de uma solução sem violência.
Para estes líderes católicos, a declaração de vitória de Maduro para a reeleição não pode ser considerada legítima.
O primeiro a falar no encontro foi o presidente da Academia de Líderes Católicos, Rocco Buttiglione, ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados italiana.
“A grandeza de um líder não está no poder, mas no sentimento pela sua nação”, disse Buttiglione, em referência à rejeição popular da declaração do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de uma vitória de Maduro. “Todos os votos devem ser contados com as garantias que foram decididas antes das eleições”, disse ao encerrar o seu discurso.
A caminho do totalitarismo
O cardeal Diego Padrón Sánchez, que foi arcebispo de Cumaná (Venezuela) entre 2002 e 2018, foi contundente ao garantir que o Governo está a dificultando a obtenção dos registos de votação. O cardeal prevê que Maduro adie os diálogos até que a pressão internacional diminua, para permanecer no Palácio de Miraflores: “Uma democracia sem valores facilmente se transforma em totalitarismo”, comentou o dirigente.
Padrón, um dos sete cardeais do país, está convencido de que a oposição venceu. Ele foi enfático ao dizer que as negociações não podem se concentrar no resultado, pois em sua opinião não há dúvida de que foi desfavorável ao chavismo.
“Esta verdade [a vitória da oposição] não é objeto de discussão acadêmica ou política, em detrimento da vontade popular”, expressou.
O padre apelou aos fiéis de todo o mundo para manterem a atenção na Venezuela. “As autoridades, todas elas ao serviço do Executivo, criaram o conflito. Não foi o povo, que teve majoritariamente um comportamento cívico antes, durante e depois das eleições”, concluiu.
O terceiro palestrante foi Fernando Carrillo, vice-presidente do Grupo Prisa. De acordo com o que disse Padrón, o ex-procurador-geral colombiano destacou que a Venezuela está sob ameaças permanentes do totalitarismo personificado por Maduro:
“É uma ditadura absoluta e brutal. Uma ditadura responsável por cerca de 25 mortes, segundo a Human Rights Watch e vários observadores internacionais. A regra é o medo, o assédio, a violência. Eles usam o terror como arma política e, claro, insistem que não há garantias de qualquer tipo”, afirmou.
“Megafraude”
O gestor, que também foi ministro da Justiça, referiu-se à atuação da CNE como “uma megafraude” e questionou o fato de o chavismo querer levar os votos para a fase judicial quando tem o controle absoluto dos juízes e dos tribunais.
Entre os participantes estavam outros cardeais, como os mexicanos Alberto Suárez Inda e Felipe Arizmendi, o guatemalteco Alvaro Ramazzini ou o hispano-panamenho José Luis Lacunza.
A diáspora de venezuelanos em outros países latino-americanos também foi um dos temas abordados. Se o chavismo continuar no poder desencadeará uma crise humanitária sem precedentes, afirmaram:
“São oito milhões de venezuelanos que fazem parte desse volume de migrantes, dos quais, principalmente para a Colômbia, podem ser três. Aqui os acolhemos, respeitando os seus direitos e envolvendo-os na sociedade colombiana. Esses oito milhões podem tornar-se dez e podem constituir uma tragédia”, disse Carrillo.
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