Le Pen se une à esquerda para derrubar primeiro-ministro francês
A Assembleia Nacional francesa votará em moções de censura contra o Michel Barnier, apresentadas por um bloco de esquerda e pelo partido de direita Rassemblement National (RN)
A crise política que se desenrola na França pode culminar na queda do atual governo minoritário liderado pelo Primeiro-Ministro Michel Barnier.
Em meio a um cenário de incertezas, o Presidente Emmanuel Macron enfrentará o desafio de nomear um novo chefe de governo, caso Barnier não consiga se manter no cargo.
Na quarta-feira, a partir das 20h (horário da França), a Assembleia Nacional francesa votará em moções de censura apresentadas por um bloco de esquerda e pelo partido de direita Rassemblement National (RN).
Marine Le Pen, líder do RN, já manifestou apoio à moção da esquerda, o que praticamente assegura que Barnier entrará para a história como o Primeiro-Ministro de mandato mais curto da V República.
Pressão de Le Pen
Bernier cedeu às pressões iniciais do Rassemblement National durante as negociações orçamentárias, mas não mostrou disposição para mais concessões após segunda-feira, 2 de dezembro.
Marine Le Pen tem desempenhado um papel estratégico. Ao apoiar a moção contra Barnier, ela coloca Macron numa posição delicada.
No entanto, essa estratégia pode ter repercussões adversas para Le Pen, cuja busca por uma imagem “responsável” pode ser prejudicada ao contribuir para a queda do governo sem oferecer soluções.
Virada à esquerda?
Com Macron atualmente em visita oficial à Arábia Saudita, especula-se sobre possíveis substitutos para Barnier. Entretanto, as dificuldades são consideráveis.
Uma nova administração conservadora parece improvável após o colapso do governo atual. Uma candidata da esquerda ou mesmo uma administração tecnocrática temporária são opções sob consideração.
Se Macron buscará conciliar-se com a oposição ainda é incerto. Ele poderia tentar acordos com opositores para garantir estabilidade mínima e avançar com um novo programa governamental.
Sem orçamento formal
O uso do artigo 16 da Constituição para assumir poderes extraordinários é uma possibilidade também debatida nos meios franceses. No entanto, muitos analistas duvidam que as condições necessárias estejam presentes para tal medida.
Caso o governo atual caia e o orçamento não seja aprovado dentro dos prazos legais, a França corre o risco de operar sem um orçamento formal para 2025.
A possibilidade de um “shutdown” à moda americana levanta preocupações adicionais sobre a governabilidade e as implicações econômicas deste impasse político.
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Comentários (1)
Marcelo Augusto Monteiro Ferraz
04.12.2024 10:38Quase nunca se fala disso, mas a inveja quase sempre é o principal motivador entre os radicais para a promoção desse tipo de conluio de conveniência e ocasião, que tem como primeira vítima as suas supostas convicções.