O Kremlin não negou esta segunda-feira, 9 de setembro, que o Irã lhe estivesse entregando mísseis, tal como alegado pelo Ocidente: “Este tipo de informação nem sempre é verdadeira”, disse Dimitri Peskov, porta-voz do Kremlin, não negando assim estas acusações durante um briefing com a imprensa.

“O Irã é um parceiro importante”, acrescentou, observando que os dois países estão desenvolvendo a sua cooperação “em todas as áreas possíveis, incluindo as mais sensíveis”.

Quase 14 mil drones e 10 mil mísseis foram disparados pela Rússia desde o início do conflito, revelou Oleksandr Syrsky, comandante-chefe do exército ucraniano, no final de agosto. Metade das aeronaves foram interceptadas, em comparação com apenas um quarto dos mísseis. Estes números, que devem ser vistos com cautela porque são impossíveis de verificar, dão uma ideia da dimensão das ações russas.

Para remediar esta situação, o Kremlin recorreu aos seus aliados, sobretudo ao Irã. Foram-lhe entregues 200 mísseis balísticos Fath-360 na quarta-feira, 4 de setembro, segundo revelou o jornal Times, que se baseia em fontes ucranianas. A informação suscitou profunda preocupação por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.

A carga foi transportada pelo Mar Cáspio, infirmou o diário britânico. “São mísseis táticos com alcance de até 120 km, portanto serão usados principalmente taticamente, mas os russos ainda podem usá-los para atacar cidades como Kharkiv e Sumy e as áreas de retaguarda do exército ucraniano no Donbass e no Dnieper”decifra uma fonte militar citada pela mídia britânica.

Os Fath-360 são mísseis balísticos táticos de curto alcance. Sua trajetória é essencialmente na atmosfera e utiliza a gravidade. “Qualquer transferência de mísseis balísticos iranianos para a Rússia representaria uma escalada dramática do apoio do Irã à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett, na Casa Branca.

Teerã já havia fornecido mísseis balísticos ao seu aliado russo. Cerca de 400 mísseis – principalmente Zolfaghar, com alcance máximo de 700 quilômetros, informou a Reuters em fevereiro.

As restrições do Conselho de Segurança das Nações Unidas à exportação de certos mísseis pelo Irã, incluindo mísseis balísticos, expiraram em outubro, mas os Estados Unidos e a União Europeia mantiveram-nas.

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