Juiz aposentado dos EUA e esposa são presos por abrigar membro do Tren de Aragua
Casal do Novo México mantinha venezuelano ilegal acusado de integrar facção criminosa em casa de hóspedes
Um ex-juiz do condado de Doña Ana, no Novo México, e sua esposa foram presos nesta quinta-feira, 24 de abril, sob acusação de abrigar um estrangeiro ilegal supostamente ligado ao Tren de Aragua, organização criminosa de origem venezuelana com presença crescente em território norte-americano.
Joel Cano, que deixou o cargo em março deste ano, e sua esposa, Nancy Cano, foram detidos por agentes federais em sua residência em Las Cruces.
A investigação conduzida pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) aponta que o casal deu abrigo a Cristhian Ortega-Lopez, venezuelano de 23 anos que entrou ilegalmente no país em 15 de dezembro de 2023, atravessando a fronteira próximo a Eagle Pass, no Texas.
Segundo os autos do processo, Ortega-Lopez teria inicialmente prestado serviços de manutenção para a família Cano e, em seguida, passou a morar na casa de hóspedes da propriedade.
As autoridades encontraram múltiplas evidências de ligação entre Ortega-Lopez e o Tren de Aragua, como roupas, tatuagens, áudios e mensagens de texto com referências à facção.
Imagens obtidas nas redes sociais mostram o venezuelano posando com armas de fogo, algumas das quais pertencentes à filha do casal, April Cano. A polícia apreendeu quatro armas em sua residência.
Joel e Nancy Cano são acusados formalmente de adulteração de provas. Ortega-Lopez, por sua vez, enfrenta uma acusação federal por posse de arma de fogo sendo estrangeiro em situação ilegal no país, crime que pode resultar em pena de até 15 anos de prisão.
A Suprema Corte do Novo México emitiu nesta semana uma decisão que impede Joel Cano de voltar a exercer qualquer cargo no Judiciário estadual.
Em carta enviada à Corte, o ex-juiz negou conhecer as ligações de Ortega-Lopez com o crime organizado e classificou as acusações como “sensacionalismo no mais alto nível”.
O caso atraiu atenção nacional pela gravidade das suspeitas e por envolver um ex-integrante do sistema judiciário.
“Ver um juiz permitir que isso aconteça é extremamente preocupante”, afirmou John Fabbricatore, ex-diretor do Escritório de Campo do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE), à afiliada WPMI.
A presidente do Partido Republicano do Novo México, Amy Barela, cobrou transparência e responsabilização.
“O povo do Novo México está cansado de um sistema em que os poderosos não seguem as próprias regras. Queremos prestação de contas e transparência”, disse ao Las Cruces Sun-News.
O caso segue sob investigação, conduzida pela divisão de Investigações de Segurança Interna (HSI) do DHS.
A facção Tren de Aragua, surgida nas prisões da Venezuela, é acusada de envolvimento com tráfico de drogas, extorsão, sequestros e assassinatos.
A presença do grupo nos Estados Unidos é considerada uma ameaça crescente pelas autoridades de segurança.
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