Índia rompe acordos e impõe sanções ao Paquistão
Decisão foi anunciada após ataque em Pahalgam; em retaliação, paquistaneses fecham espaço aéreo e suspendem comércio

O governo da Índia anunciou nesta quinta-feira, 24 de abril, a suspensão unilateral do Tratado das Águas do Indo, revogação de todos os vistos concedidos a paquistaneses e o fechamento da única passagem terrestre ativa entre os dois países.
As medidas foram tomadas após o ataque em Pahalgam, na região da Caxemira, que deixou 26 mortos, a maioria turistas indianos.
O tratado hídrico, em vigor desde 1960, garante o uso compartilhado de um sistema fluvial vital para a agricultura no Paquistão e é considerado um dos poucos canais de cooperação sobreviventes entre os dois países.
A suspensão foi justificada pelo governo indiano com base em alegações de envolvimento paquistanês com o grupo terrorista que reivindicou a autoria do ataque. Até o momento, nenhuma evidência foi apresentada.
Além da suspensão do tratado, todos os vistos emitidos para cidadãos do Paquistão serão invalidados a partir de domingo. Paquistaneses que ainda estão no país devem deixá-lo antes do vencimento de seus documentos.
A fronteira de Attari-Wagah, única travessia terrestre funcional, será fechada. O número de diplomatas será reduzido de 55 para 30 em cada embaixada até 1º de maio, e oficiais de defesa do Paquistão foram declarados persona non grata.
Em resposta, o Paquistão suspendeu todos os vistos para cidadãos indianos, com exceção dos emitidos para peregrinos siques, determinou a saída imediata de indianos sob regime de isenção temporária e fechou seu espaço aéreo para empresas da Índia.
O comércio bilateral, inclusive com intermediação de terceiros países, foi interrompido.
O Comitê de Segurança Nacional do Paquistão condenou as decisões como “unilaterais e provocativas” e afirmou que qualquer tentativa de reter ou desviar o fluxo das águas do rio Indo será tratada como “ato de guerra”. A chancelaria paquistanesa disse que o país “responderá com toda a força”.
A pressão interna sobre o governo indiano aumentou após o atentado. O primeiro-ministro Narendra Modi prometeu punição exemplar aos responsáveis e seus financiadores. O ministro da Defesa, Rajnath Singh, sugeriu que medidas militares estão sendo consideradas.
O clima de tensão gerou protestos em cidades da Caxemira, onde o turismo, principal fonte de renda da região, foi duramente afetado. Empresas relataram cancelamentos em massa e o governo organizou voos emergenciais para retirada de visitantes.
O risco de escalada militar entre Índia e Paquistão, ambos possuidores de armas nucleares, voltou ao centro das preocupações diplomáticas no sul da Ásia. O episódio marca o mais grave retrocesso nas relações bilaterais desde o confronto armado de 2019.
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