Festival belga cancela concerto de filarmônica por ter maestro israelense
Governo alemão classifica decisão como antissemitismo; prefeitura de Munique e orquestra criticam exclusão do maestro Lahav Shani
O Flanders Festival Ghent, na Bélgica, cancelou na noite de quarta, 10, o concerto da Filarmônica de Munique previsto para quinta, 18, alegando não ter obtido “clareza suficiente” sobre a posição do maestro israelense Lahav Shani em relação ao governo de Israel.
Em nota, os organizadores afirmaram que não colaboram com parceiros que não se distanciem “inequivocamente” do que chamaram de “regime genocida”, e disseram que Shani já se manifestou pela paz em ocasiões anteriores.
O ministro da Cultura da Alemanha, Wolfram Weimer, classificou o ato como “boicote cultural” disfarçado de crítica a Israel.
Segundo o Ministério da Cultura alemão, Weimer disse que se trata de “puro antissemitismo”, um “precedente perigoso” e “uma vergonha para a Europa”, ao defender que espaços culturais do continente não se transformem em locais onde antissemitas determinem programas.
A orquestra e a prefeitura de Munique divulgaram comunicado conjunto no qual chamaram a exclusão de punição coletiva a artistas israelenses.
De acordo com a Filarmônica de Munique e o governo municipal, impedir pessoas de se apresentarem por origem ou religião “ataca valores europeus e democráticos”. O prefeito de Munique, Dieter Reiter, afirmou que o conjunto é embaixador cultural da cidade e “representa abertura, diversidade e diálogo”.
Lahav Shani foi anunciado em 2023 como futuro regente titular da Filarmônica de Munique a partir da temporada 2026/2027. Ele é atualmente diretor musical da Israel Philharmonic Orchestra. O festival belga reconheceu que o maestro “já falou a favor da paz e da reconciliação”, mas sustentou que, diante do conflito, exige manifestação pública “inequívoca” de distanciamento do governo israelense para manter parcerias.
Autoridades locais na Bélgica também reagiram ao cancelamento. O governo flamengo criticou a decisão e a qualificou como apressada.
O concerto, que integra a programação internacional do Flanders Festival Ghent, seria realizado em 18 de setembro, com o conjunto alemão sob a regência de Shani. A organização informou que a medida levou em conta “a carga emocional” do momento e reitera que não se trata de avaliação artística.
A prefeitura de Munique e a Filarmônica lembraram, no comunicado, que o grupo já tomou decisões difíceis em defesa de princípios.
Em março de 2022, o município encerrou o contrato do então titular, o maestro russo Valery Gergiev, após ele não se posicionar contra a invasão da Ucrânia. Na ocasião, a administração municipal estabeleceu prazo para manifestação e, não havendo resposta, rescindiu o vínculo.
Até a publicação deste texto, o Flanders Festival Ghent não anunciou programação substituta para a data. A Filarmônica de Munique afirmou que seguirá com a agenda europeia e que mantém “total apoio” a Shani.
O Ministério da Cultura da Alemanha disse que acompanhará o caso e reiterou a defesa da liberdade artística e da não discriminação em espaços culturais do continente.
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Comentários (2)
Annie 40
11.09.2025 08:19Um pais para eu nao visitar
Marcia Elizabeth Brunetti
11.09.2025 07:51Eu acreditava que na Bélgica nao tivesse esse tipo de discriminação. Que pena…