Um grupo de intelectuais e ativistas nicaraguenses que vivem no Brasil enviou uma carta a Lula e Gleisi Hoffmann manifestando “surpresa, frustração e indignação” com a nota do PT que celebrou a vitória do ditador Daniel Ortega (foto) em eleições de fachada no país, informa a Folha nesta quarta-feira (10).

A ditadura da Nicarágua prendeu sete candidatos de oposição antes do pleito, disputado no último domingo (7) apenas por Ortega e aliados do regime, que também vetou a presença de observadores internacionais.

Na carta aberta, o grupo de nicaraguenses afirma que os petistas —que hoje trataram de apagar sua nota de apoio à ditadura— estão sendo coniventes com a repressão de Ortega à população, que já deixou mais de 300 mortos, milhares de feridos e ao menos 140 mil exilados.

“Com essa postura, o PT faz vista grossa a inúmeras reclamações de instâncias democráticas e redes de organizações de direitos humanos, que em diversas ocasiões já questionaram e denunciaram a escalada autoritária de Ortega e a ilegitimidade do recém-encerrado processo de votação”, diz o texto.

No Twitter, Gleisi alegou que a nota de apoio a Ortega não havia sido submetida à direção do partido, mas não criticou seu conteúdo: veio com a conversa de que a posição do PT é sempre pela “defesa da autodeterminação dos povos, contra interferência externa e respeito à democracia, por parte de governo e oposição”.

A presidente petista também tentou desviar logo do assunto desagradável: “Nossa prioridade é debater o Brasil com o povo brasileiro”.

Sim, criticando o autoritarismo de Jair Bolsonaro ao mesmo tempo que apoia ditaduras na Nicarágua, na Venezuela e em Cuba.