Um grupo de requerentes de asilo na Ilha Diego Garcia, território britânico isolado no Oceano Índico, tem relatado a investigadores da ONU que se sentem inseguros e esquecidos. Eles relatam casos de assédio e agressão sexual, inclusive a crianças, além de tentativas de suicídio e automutilação.

De acordo com os inspetores do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (UNHCR), que visitaram a ilha para verificar as condições por lá, descreveram a situação como detenção arbitrária.

O Ministério do Exterior britânico, por sua vez, afirmou que a ilha não é adequada para a moradia de migrantes.

Isolamento e desespero

Na Ilha Diego Garcia, que além do acampamento de migrantes abriga uma base militar conjunto dos EUA e do Reino Unido, os residentes se sentem esquecidos e inseguros. Muitos reclamam da infestação de ratos e da impossibilidade de sair do acampamento sem escolta de segurança.

O confinamento tem gerado sentimentos de desespero e relatos de automutilação e tentativas de suicídio. O grupo atualmente é composto por 61 pessoas, em sua maioria tamis do Sri Lanka. Há no total 16 crianças que relataram à UNHCR terem presenciado violência e automutilação.

Violações e falta de respostas

Durante a visita, a UNHCR recebeu várias denúncias de agressão e assédio sexual, incluindo contra crianças. Em todos os casos, os supostos agressores eram outros requerentes de asilo.

O relatório da UNHCR alerta ainda que é provável que haja subnotificação de violência sexual devido à vergonha e estigma, além da percepção entre os requerentes de asilo de que não haveria uma resposta efetiva às denúncias.

Reivindicações e respostas

Em resposta ao relatório da UNHCR, uma porta-voz do Ministério do Exterior do Reino Unido afirmou que a proteção e o bem-estar dos migrantes na Ilha Diego Garcia são a maior prioridade do governo. Além disso, o governo britânico tem trabalhado incansavelmente para processar as reivindicações de proteção dos migrantes e encontrar um terceiro país adequado para aqueles cujas reivindicações forem confirmadas.

Já a UNHCR solicitou que sejam aceleradas as decisões finais sobre a proteção internacional, que sejam encontradas soluções para os requerentes cujas reivindicações forem validadas e que o governo britânico planeje o acolhimento de futuros migrantes na ilha.

Além disso, a UNHCR sugeriu a criação de mecanismo independente para o monitoramento do tratamento dos requerentes de asilo na Ilha Diego Garcia. Dessa forma, será possível garantir que essas pessoas estejam vivendo em condições dignas e seguras.