Crusoé: Por que Putin não terá candidatos de oposição nas eleições
Nomes que estarão na cédula são parte da "oposição sistêmica": eles não criticam Putin nem a invasão da Ucrânia, mas são usados para dar uma aparência democrática ao regime
As eleições da Rússia ocorrerão entre os dias 15 e 17 de março. O ganhador já é conhecido: será o presidente Vladimir Putin (foto), que está no poder desde 1999. Nesta eleição, ele não enfrentará nenhum opositor de verdade.
Na cédula, Putin estará ao lado de Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista, de Leonid Slutsky, do Partido Liberal Democrático, e de Vladislav Davankov, do Novo Partido do Povo.
Mas todos eles são o que se conhece por “oposição sistêmica“. Eles jamais criticam o governo. Ao se colocar como uma oposição formal, eles são úteis ao regime que quer parecer democrático, embora tudo não passe de um jogo de cena. A mesma fórmula é usada na Venezuela de Nicolás Maduro.
Nenhum dos candidatos que vão aparecer nas cédulas neste mês critica a guerra da Ucrânia ou o autoritarismo de Putin.
E, o mais impressionante, todos eles já deram a entender que não esperam uma vitória nas urnas.
Assim que foi nomeado pelo seu partido em dezembro, Leonid Slutsky deixou claro que não pretendia incomodar Putin: “Não tirarei votos do presidente da Rússia. Não vou pedir o voto contra Putin”.
Opositores reais
Pessoas que poderiam ser opositoras de verdade foram exiladas, presas ou assassinadas, como Alexei Navalny.
A Constituição russa permite que pessoas entrem no páreo como candidatos independentes, sem partido. Mas a lei obriga que eles apresentem um abaixo-assinado com 100 mil assinaturas.
Dois russos que são contra a invasão da Ucrânia tentaram concorrer de forma independente: o comentarista de televisão Boris Nadezhdin e a jornalista Yekaterina Duntsova.
Mas eles foram barrados pela comissão eleitoral, que alegou que havia assinaturas falsas nos documentos apresentados.
Nesta segunda, 11, a agência de notícias estatal Tass divulgou uma pesquisa dizendo que Putin vencerá com 82% dos votos. Em uma eleição sem rivais e sem observadores internacionais, o ditador pode conseguir o número que ele quiser.
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