Crusoé: Por que governantes árabes reprimem protestos contra Israel
No início do mês, governo do Egito — que ainda tem na memória o que aconteceu com Hosni Mubarak em 2011 — reprimiu como pode um protesto anti-Israel
O governo do Egito prendeu dez pessoas por participarem de uma manifestação contra Israel no Cairo, no início de abril. Outras 40 pessoas estão presas pelo mesmo motivo desde o ano passado.
A repressão aos protestos no governo de Abdel Fatah al-Sisi não é isolada no mundo árabe. A Jordânia já prendeu 1.500 manifestantes desde outubro. Os dois países foram os primeiros a fazer acordos de paz com Israel. Além deles, manifestantes foram presos no Marrocos, que integrou os Acordos de Abraão, com Israel, em 2020.
A questão é que, embora a causa palestina desperte solidariedade entre a população desses países árabes, seus governantes temem que os protestos se voltem contra o governo e se preocupam com o grupo terrorista Hamas, financiado pelo Irã, que é persa.
Assim, enquanto o Irã financia e apoia os protestos que se dizem a favor dos palestinos, os governos de países árabes reprimem as manifestações.
Mudança de tom
No início da guerra em Gaza, o governo egípcio apoiou as manifestações contra Israel. Agora, o medo é que os protestos de rua possam desencadear uma nova onda da Primavera Árabe, série de protestos que atravessou vários países da região entre 2010 e 2011, levando à queda de uma série de governos, ditaduras e à guerra civil na Síria, que persiste até hoje.
O governo de al-Sisi tem isso muito em mente. Em 2011, uma onda de grandes e violentos protestos no centro do Cairo tirou do poder o ditador Hosni Mubarak, após 30 anos no poder.
Quem assumiu o poder foi Mohamed Morsi, um membro da Irmandade Muçulmana, berço do Hamas. A aventura fundamentalista durou pouco, porque o general al-Sisi deu um golpe militar e passou a comandar o país de maneira autocrática.
Outros países do mundo árabe também acenderam os alertas. O governo do Marrocos está processando manifestantes que criticaram a proximidade do governo local com Israel.
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