Crusoé: O preço do silêncio
Pagamento para silenciar atriz pornô em 2016 leva Trump para o banco dos réus, mas não o tira da corrida presidencial
Quando o então candidato republicano Donald Trump foi avisado de que a soma para silenciar a atriz pornô Stormy Daniels seria de 130 mil dólares, em pleno ano eleitoral de 2016, ele fez as contas em sua cabeça: “Cento e trinta mil é bem menos do que eu teria que pagar para Melania (Trump, sua esposa). Se isso vazar, não sei como meus apoiadores reagiriam. Mas apostaria que muitos pensariam que é legal eu ter dormido com uma estrela pornô“.
A história foi narrada no livro Disloyal, do advogado de Trump, Michael Cohen, ainda sem tradução para o Brasil. Oito anos depois, o caso continua incomodando Trump, que com isso tornou-se o primeiro ex-presidente a ir para um tribunal na condição de réu. Nesta semana, começou o seu julgamento na Justiça Estadual de Nova York pelo caso do suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels. A questão nunca foi se o republicano traiu ou não a esposa. O que importa saber nesse caso é se ele manipulou os registros comerciais de suas empresas para esconder esse pagamento de 130 mil dólares para calar Stormy Daniels. No total, Trump responde por 34 acusações pelo crime de falsificação de registros comerciais. Ele se declara inocente de todas.
Trump tem usado a sua rede social, Truth Social — criada após ele ter sido banido em 2021 do então Twitter — para proferir uma série de ofensas a pessoas ligadas ao julgamento. Sobrou até mesmo para o juiz responsável pelo caso, Juan Merchan. O ex-presidente chamou a filha de Merchan de “odiadora raivosa” e a acusou de “fazer dinheiro trabalhando para ‘pegar Trump’”, em referência a uma eventual condenação. Algumas das declarações do ex-presidente atribuíam à filha do magistrado postagens no X de um perfil fake. Acontece que, desde 26 de março, Trump está sob “ordem de silêncio”, que o impede de fazer comentários de conteúdo “ameaçador, inflamatório ou caluniador” a pessoas envolvidas no julgamento. Na terça, 23 de abril, a promotoria pediu uma multa de 10 mil dólares por Trump ter supostamente descumprido dez vezes a “ordem de silêncio”.
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