Crusoé: Modi venceu, mas não com a vantagem que esperava
Na maior eleição do planeta, quase 970 milhões de votos deram a vitória ao BJP, partido do primeiro-ministro, para um terceiro mandato. Liderança, no entanto, será menor
Os resultados finais da eleição indiana, que devem ser concluídos nesta terça-feira, 4, apontam para a já esperada vitória do BJP, partido do primeiro-ministro Narendra Modi (foto). No cargo desde 2014, Modi deve chegar ao seu terceiro mandato com uma proposta ambiciosa de colocar a nação mais populosa do mundo, com 1,4 bilhão de pessoas, no clube dos países desenvolvidos em duas décadas.
Acontece que a missão será mais difícil do que ele parecia planejar. A liderança do seu partido, que analistas esperavam crescer nesta eleição, estará menor no próximo mandato dentro da Lok Sabha, o parlamento indiano.
O BJP, que hoje tem 293 deputados, passará a 240 — abaixo dos 272 que precisava para governar sozinho. A coalizão Aliança Democrática Nacional (NDA), que dá apoio ao primeiro-ministro, tem 293 cadeiras e garantirá a sua continuidade sem maiores problemas no cargo.
Neste terceiro mandato, Modi terá de conviver com o renascimento de um concorrente que ele quase transformou em cinzas: o Congresso Nacional Indiano (CNI), que dominou a política indiana quase de ponta a ponta até o início dos anos 2000.
O partido da família Nehru-Gandhi — que chegou a ter 77% dos votos nos anos 80 — foi dizimado na última década pelo BJP. Das atuais 52 cadeiras, menos de 10% do parlamento atual, o CNI passará a ter 99; sua coalizão terá 232 cadeiras e poderá travar mudanças mais robustas no país.
Apesar dos reveses maiores que o esperado, Modi não deixou de comemorar o resultado. “O povo colocou sua fé na Aliança Democrática Nacional, por uma terceira vez seguida! Esse é um fato marcante na história da Índia”, escreveu o primeiro-ministro, que comanda um gabinete com mais de 50 ministros.
Hoje a quinta maior economia do mundo, a Índia ainda sofre com dados de países muito pobres: o PIB per capita é o 147º maior, aponta o Banco Mundial. O país agora quer ter planos de países ricos: quer sediar as Olimpíadas de 2036, se tornar membro do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e ser considerado uma nação desenvolvida até 2047.
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