Crusoé: Milei anuncia 3º mês de superávit
"Entendo que a situação é dura, mas percorremos mais da metade do caminho", disse Milei. "O esforço vai valer a pena", acrescentou
Em pronunciamento pré-gravado transmitido em rede nacional na noite desta segunda-feira, 22 de abril, presidente da Argentina, Javier Milei (foto), anunciou o terceiro mês seguido de superávit financeiro.
Os superávits financeiros significam que o governo arrecada mais do que gasta, incluindo com pagamentos de dívidas e juros. A responsabilidade fiscal da Casa Rosada sob Milei é o motor da atual desaceleração da inflação.
O saldo de março foi de 275 bilhões de pesos, equivalente a cerca de 275 milhões de dólares.
Em fevereiro, o saldo das contas do governo foi de 338 bilhões de pesos e, em janeiro, de 518 bilhões de pesos.
“[O superávit] é o único ponto de partida possível para acabar de uma vez por todas com o inferno inflacionário que foi a Argentina desde a queda da convertibilidade”, disse Milei no pronunciamento desta segunda.
O presidente afirmou que a economia argentina deve retomar o crescimento, apesar de não especificar um cronograma — o país está hoje em recessão e a previsão é que se consolide o encolhimento do PIB ao longo de 2024.
A Argentina voltaria a crescer, segundo Milei, devido à expansão do agro e dos setores mineral e petrolífero, ao investimento estrangeiro e ao encolhimento do Estado, que estimularia o avanço do setor privado em 15 pontos do PIB.
O libertário também reconheceu o impacto do reajuste na sociedade, que é sua única base de apoio político visto sua debilidade no Congresso.
“Entendo que a situação é dura, mas percorremos mais da metade do caminho”, disse Milei. “O esforço vai valer a pena”, acrescentou.
O que vem pelos próximos dias na Argentina?
A escolha de transmitir nesta segunda-feira, 22 de abril, este que foi o terceiro anúncio em rede nacional de Milei se explica pela agenda dos próximos dias.
Para terça-feira, 23, está convocada uma manifestação geral de estudantes universitários contra os cortes nos repasses às universidades públicas.
As instituições sustentadas pelo governo nacional perderam de 30% a 40% de seu orçamento no primeiro trimestre de 2024, comparado ao mesmo período no ano anterior.
Os dados são da Associação Argentina de Orçamento e Administração Financeira Pública.
A Universidade de Buenos Aires (UBA), a maior do país, teve redução de 32,5% no orçamento. O reitor da universidade ameaça fechá-la pelo restante do ano se a Casa Rosada não reajustar os repasses.
Desde a semana passada, a UBA cortou a luz de entradas e corredores das faculdades; ilumina-se apenas as salas de aula sem janela aberta. O hospital universitário teve de suspender cirurgias e funciona a 30% da capacidade.
O tema será tratado em uma sessão extraordinária da Câmara dos Deputados nesta quarta, 24.
Para além da oposição no meio acadêmico, Milei tem pela frente duas manifestações do sindicalismo e de movimentos sociais.
Primeiro, há a tradicional mobilização de 1º de maio, na quarta-feira da semana que vem.
Depois, para 9 de maio, está prevista uma greve geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical da Argentina. Essa será a segunda desde o início do mandato de Milei.
Em meio a essa série de manifestações, o governo tenta avançar com o novo pacotão de reformas ómnibus no Congresso.
O texto será debatido em fase de comissões entre quarta, 24, e quinta, 25, com expectativa de votação no plenário da Câmara dos Deputados até terça da semana que vem, 30.
A aprovação do texto é fundamental para implementar as reformas estruturais que o governo precisa para manter a sua política econômica.
Como o governo Milei registra superávits?…
Leia mais em Crusoé
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)