Crusoé: Macron quer ser amado
Se o presidente que já foi chamado de "jupiteriano", pelo seu pendor ao narcisismo, acha que os franceses voltarão às urnas só para dizer que o amam, sorte para ele
As eleições do Parlamento Europeu que aconteceram entre a quinta, 6, e o domingo, 9, não vão trazer grandes mudanças. O bloco Partido do Povo Europeu (European People’s Party, EPP), de Ursula von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia, foi o mais votado. Os dois principais grupos da direita populista, somados, terão somente 131 das 751 cadeiras. Em Bruxelas, Estrasburgo ou Luxemburgo, os novos parlamentares continuarão discutindo muito e decidindo pouco.
Mas as eleições tiveram um importante resultado: a dissolução do Parlamento francês pelo presidente Emmanuel Macron (foto).
O presidente, cujo partido Renaissance teve 14% dos votos na França (menos da metade dos 31% do Reagrupamento Nacional, RN, de Marine Le Pen), achou por bem convocar um novo Parlamento
“Decidi devolver a vocês a escolha do seu futuro parlamentar por meio do voto. Portanto, estou dissolvendo a Assembleia Nacional esta noite”, disse Macron na noite deste domingo, 9. “Esta decisão é séria, pesada. Mas é, acima de tudo, um ato de confiança. Confiança em vocês, meus caros compatriotas. Na capacidade do povo francês de tomar a decisão mais justa.”
Não precisava
Foi uma decisão desnecessária. Macron misturou as eleições nacionais com as do Parlamento Europeu e reagiu de forma exagerada.
Uma coisa é o voto para o Parlamento francês ou para a presidência. Nesse momento, os eleitores estão preocupados com quem irá governá-lo e quem irá elaborar suas leis.
A eleição do Parlamento Europeu é de outra natureza e tem menos importância. Tanto é assim que o comparecimento costuma ser entre 40% e 50%, enquanto que, nas eleições nacionais, o índice fica acima dos 70%.
Quem vota nas eleições para o Parlamento Europeu normalmente são as pessoas mais engajadas, que tendem para os extremos políticos e estão preocupadas com questões que despertam mais paixões, como a criminalidade, o aumento da imigração e o terrorismo (em alguns momentos).
Leia mais aqui; assine Crusoé e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)