Crusoé: A grande catástrofe humanitária se avizinha, desta vez no Sudão
Braço para refugiados da ONU prevê até 750 mil afetados por fome aguda no país. Ataques de paramilitares já destruíram dezenas de hospitais no país
Mais de 750 mil sudaneses devem sofrer de uma “catastrófica” falta de alimentos nos próximos três meses, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) — com outros 54% da população do país, ou 25 milhões de pessoas, sob risco “crítico” de fome. Os dados foram revelados pela Reuters.
O país, localizado no leste africano, sofre com mais uma guerra civil, a segunda em menos de 20 anos. Após a queda do ditador Omar al-Bashir em 2019, um conselho de transição envolvendo militares e membros de milícias do país levou o país por dois anos a um caminho de redemocratização. Em 2021, um golpe de estado transformou o país novamente em uma junta. Desde o ano passado, as forças paramilitares ligadas a estas milícias passaram a atacar o exército do país, destruindo a infraestrutura da capital, Cartum.
O conflito é também um palco alternativo para outro conflito. Isso porque a Ucrânia apoia o governo sudanês ao lado do Egito, enquanto a Rússia teria enviado homens do grupo Wagner, seu aparato mercenário, para combater e dar auxílio às forças rebeldes.
Com 14 meses de conflito, o exército sudanês ainda controla a maior parte do território do país, mas cidades importantes estão sob o domínio de diversas forças rebeldes, que ainda contam com o apoio do exército líbio e estariam usando drones do Irã e dos Emirados Árabes Unidos.
Mais recentemente, os conflitos destruíram hospitais e postos de atendimento em El-Fasher, cidade que concentra mais de 800 mil refugiados desta guerra, de um conflito na região (que foi classificado como “Genocídio de Darfur”) e mesmo da guerra civil anterior, encerrada há 19 anos.
Sem acordo dos dois lados da guerra civil para autorizar o transporte humanitário de alimentos, a ONU projeta que o Sudão —que se encaminhava para ser uma potência agrícola pós-redemocratização —sofrerá uma das piores crises de fome em tempos recentes.
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