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Crusoé: A ascensão e o futuro incerto do partido do presidente do México

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Caio Mattos, Da Cidade do México
4 minutos de leitura 24.05.2024 20:16 comentários
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Crusoé: A ascensão e o futuro incerto do partido do presidente do México

Morena não existia há 13 anos. Hoje, a sigla deve se reeleger na Presidência por mais seis anos e manter a maioria no Congresso

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Caio Mattos, Da Cidade do México
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Crusoé: A ascensão e o futuro incerto do partido do presidente do México
Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, e a chefe do governo da Cidade do México, Claudia Sheinbaum. Ela é a candidata do Morena à sucessão presidencial - Janeiro de 2023. Foto: Divulgação/ Governo da Cidade do México

Os militantes do Morena, partido do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (foto), o AMLO, não são tão fervorosos quanto os petistas e bolsonaristas no Brasil. Nem quanto os peronistas e os libertários na Argentina.

Prova disso são os atos de campanha da candidata à sucessão de AMLO, Claudia Sheinbaum (foto), recém licenciada chefe do governo da Cidade do México.

Alguns militantes até trazem alto-falantes, tambores e caixas de som para fazer barulho. Tudo em vão. 

O único ruído com o qual conseguem chamar a atenção vem das marteladas das catracas giratórias de madeira, uma espécie de chocalho. Não é preciso muito esforço para incomodar os ouvidos de outrem com tal brinquedo.

Apesar da organização, com distribuição de bandeiras e camisas, nem todos os militantes animam a espera para o discurso de Sheinbaum. Um deles chega até mesmo a sacar um livro de filosofia francesa para passar o tempo.

Crusoé viu essas cenas em dois atos de campanha de Sheinbaum na Cidade do México, em 16 e 22 de maio, a dias da votação. Os mexicanos vão às urnas em 2 de junho.

Ato de campanha da candidata da situação à Presidência do México, Claudia Sheinbaum, na Cidade do México - 22/05/2024. Foto: Caio Mattos/Crusoé
Ato de campanha da candidata da situação à Presidência do México, Claudia Sheinbaum, na Cidade do México – 22/05/2024. Foto: Caio Mattos/Crusoé

A calmaria da militância do Morena é compreensível. Primeiro de tudo, o partido conta com uma larga vantagem nas eleições presidenciais de 2 de junho.

A maioria das pesquisas eleitorais apontam uma vantagem de 20 pontos percentuais de Sheinbaum sobre a segunda colocada, a senadora Xóchitl Gálvez. No México, a eleição é decidida em turno único.

A vantagem é tanta que, ao longo da campanha, a situação tem declarado que mira a maioria absoluta no Congresso. Hoje, o governo controla ambas as Casas, mas precisa do apoio da oposição para reformas constitucionais.

A campanha de Gálvez nem desperdiça cartazes de campanha nas ruas na Cidade do México. Fora do metrô, quase não há banners da presidenciável da oposição.

A coalizão opositora preferiu investir na publicidade para seu candidato a chefe de governo da capital, equivalente a governador do DF. A disputa é mais apertada que a presidencial. A oposição está 10 pontos atrás nas pesquisas.

De fato, o lopezobradorismo é forte na capital mexicana, que representa 8 milhões de eleitores, cerca de um quarto dos votos para garantir uma vitória na eleição presidencial.

Uma candidata a deputada distrital da oposição chegou até mesmo a levantar cartazes em grená, cor tradicional do Morena, como se quisesse confundir os eleitores. 

É comum ver pessoas vestidas com roupas nesse tom bem específico, entre o vermelho e o roxo. O que entrega a militância são os bonés e coletinhos patagônia.

Morena e grená não significavam quase nada até pouco tempo atrás. O partido nem existia antes do início da década passada.

O que explica a ascensão do Morena?

AMLO era um cacique da política mexicana muitos anos antes de fundar o Morena, em 2011, e regularizá-lo como partido, em 2014.

O atual mandatário foi chefe de governo da Cidade do México entre 2000 e 2005, assim como candidato presidencial em duas ocasiões, 2006 e 2012.

“O nascimento do Morena se dá nos embates entre López Obrador, como chefe de governo da Cidade do México, e o então presidente Vicente Fox entre 2004 e 2006”, diz o historiador mexicano Héctor Alejandro Quintanar. Ele integra a ala intelectual do partido e esteve presente em sua fundação.

AMLO usou essa rivalidade para se posicionar como uma figura anti-establishment

Embora Fox e seu partido, o PAN, nunca tivessem chegado à Presidência antes, o seu governo seguiu com a agenda de liberação do mercado das duas décadas anteriores. 

A economia passou por duas crises entre os anos 1980 e 2000, viabilizando o discurso de López Obrador, que reivindica, até hoje, a política econômica nacionalista do ex-presidente Lázaro Cárdenas, contemporâneo de Getúlio Vargas. 

Nesse ponto, o atual mandatário mexicano não difere tanto de Lula.

AMLO, entretanto, deu uma abordagem diferente à sua crítica ao establishment. Ele não culpa tanto o capitalismo nem a elite econômica pelos problemas da sociedade. O inimigo principal é a corrupção.

O tema…

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