A menos de três semanas do início dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o Comité Olímpico Internacional enfrenta uma reação negativa por manter os russos nos seus escalões superiores.

Shamil Tarpischev e Yelena Isinbaeva, que são membros do COI desde 1994 e 2016, respectivamente, têm sido alvo de um escrutínio especial devido às suas ligações ao regime do Kremlin.

A recusa do COI em expulsar os russos provocou indignação entre os aliados de Kiev, à medida que a guerra de Moscou contra a Ucrânia prossegue de forma ameaçadora.

Triunfo da Rússia contra o direito internacional

“Os russos nas primeiras posições do COI não só legitimam a luta da Rússia contra os ucranianos, mas também são um reconhecimento oficial do triunfo da Rússia contra o direito internacional e os princípios olímpicos – excelência, respeito e amizade”, disse Ingrida Šimonytė, primeira-ministra da Lituânia.

Isinbaeva, ex-saltadora com vara, ocupa um posto no exército russo. Embora ela tenha insistido que a sua classificação é nominal, antes da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, ela foi uma ativista ativa de Putin em múltiplas eleições presidenciais.

Tarpischev, presidente da Federação Russa de Tênis, endossou a ideia de atletas russos se voluntariarem para lutar na Ucrânia. Sob a sua liderança, o organismo de tênis organizou vários torneios na Crimeia ocupada, que a Rússia anexou ilegalmente em 2014.

As regras do COI recomendam que atletas e dirigentes desportivos afiliados ao exército russo não sejam autorizados a participar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Jogos Olímpicos de 1936?

Afiliação explícita ou não, muitos argumentam que a presença dos russos mina os princípios sobre os quais as Olimpíadas foram fundadas.

“Eles precisam ser excluídos”, disse Zhan Beleniuk, lutador ucraniano, campeão olímpico e parlamentar do partido do presidente Volodymyr Zelenskyy. “O entusiasmo da Rússia em usar atletas na sua propaganda significa que nenhuma figura desportiva russa pode ser verdadeiramente neutra”, disse ele.

“Os cidadãos russos são agentes de influência híbrida nas organizações internacionais”, disse Matviy Bidnyi, ministro interino da juventude e dos esportes da Ucrânia. “Se o mundo continuar a apaziguar Putin, como os políticos europeus tentaram fazer com Hitler, se permitirem que Putin imite os Jogos Olímpicos de 1936 – então não será difícil imaginar o que espera o mundo nos próximos anos.”

E os atletas russos?

Os atletas russos vão competir, mas, pela segunda vez, não o farão com sua bandeira e seu hino. Antes uma das grandes potências esportivas do planeta, a delegação russa competirá sob a bandeira do Comitê Olímpico Internacional (COI), junto a atletas da Belarus — ambos os países suspensos pela invasão à Ucrânia.

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