Famosa por sua coloração azul marcante, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras está considerando fazer uma oferta para adquirir a Gol Linhas Aéreas. Esta última está atualmente em recuperação judicial e, devido a esta situação, seu preço de mercado está “baixo”. Mas esta é uma decisão complexa, visto que a união dessas duas empresas poderia resultar em um domínio de quase dois terços do mercado aéreo brasileiro.

O cenário atual do mercado aéreo brasileiro

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o mercado aéreo brasileiro está vivendo uma situação de “triopólio”. As três maiores companhias aéreas possuem quase igual parcela de mercado. Em 2023, a Latam liderava com 38,7% dos passageiros domésticos, a Gol seguia com 33,3% e a Azul detinha 27,5% do mercado. Nesse sentido, a potencial fusão entre Azul e Gol resultaria em um conglomerado com mais de 60% dos passageiros domésticos.

As diferenças de atuação entre Gol e Azul

Apesar da semelhança no tamanho, a atuação das aéreas nos aeroportos é bem distinta. Para ter slots – horários de pouso e decolagem – em aeroportos movimentados como Congonhas e Guarulhos, ambos em São Paulo, vale ouro. Nessa disputa, a Gol sai na frente da Azul. Em Congonhas, por exemplo, a Gol tem quase três vezes mais slots que a Azul. Já em Guarulhos, a vantagem chega a quase quatro vezes. A Gol também lidera em Brasília e no Galeão, no Rio de Janeiro.

A atuação da Azul frente à Gol

Já a Azul apresenta uma presença significativamente maior em aeroportos como Confins (Belo Horizonte), Recife, Porto Alegre e Manaus. O aeroporto de Viracopos, em Campinas, é um caso à parte. Como a Azul tem sua sede nesse local, ela domina 96% dos pousos e decolagens. Portanto, a combinação da Gol e da Azul poderia resultar em uma presença mais equilibrada e abrangente em diversos aeroportos brasileiros.

Já houve tentativas de aquisição pela Azul anteriormente?

Essa não é a primeira vez que a Azul busca crescer através de aquisições. Em 2021, a empresa tentou adquirir a Latam, porém sem sucesso. Também buscou comprar os ativos restantes da Avianca, mas novamente não obteve êxito. A única aquisição bem-sucedida até o momento foi a da Trip, em 2012. No entanto, vale lembrar que a Azul só conseguiu porque a Trip não estava em recuperação judicial, diferente da atual situação da Gol.

Há obstáculos para essa aquisição?

A decisão de adquirir a Gol envolve muito mais do que apenas o preço de mercado. A Azul precisaria convencer três grupos com interesses distintos: os acionistas, os credores e as autoridades de defesa da concorrência, como o Cade. Portanto, se a Azul decidir prosseguir com essa tentativa de aquisição, a jornada não será fácil.