Augusto de Franco na Crusoé: Israel não pode ficar isolado
A guerra contra o Hamas está sendo uma das menos letais do nosso período histórico
Em sua coluna para a edição de número 300 da Crusoé, Augusto de Franco fala sobre a divisão de lados da crise no Oriente Médio. Segundo ele, a democracia de Israel tende a se autocratizar com o esticamento da guerra por motivos políticos internos.
A segunda guerra fria, na qual já estamos imersos, tem uma característica peculiar. Ela não é igual à primeira porque não opõe dois blocos coesionados de países (Leste x Oeste) e sim porque está presente dentro de cada país. A divisão agora não é global e sim glocal. Fomos assaltados, nos anos 20 do século 21, pelo anos 20 do século 20 (a volta de um passado muito anterior ao da primeira guerra fria).
O caso de Israel ilustra bem a situação atual. Israel, a única democracia do Oriente Médio, foi atacado pelo eixo autocrático (na verdade, pelo Irã, conectado à Rússia, por meio de seus braços terroristas Hamas, Hezbollah, Houthis e milícias xiitas do Iraque e da Síria). Mas isso não significa que não exista uma extrema-direita autocrática (e teocrática) na sociedade de Israel e no governo de Israel. Assim como, infelizmente, existe também na sociedade americana (ameaçando voltar ao governo dos EUA com Trump).
Mas não se pode fazer uma conexão mecânica do que acontece em Gaza com os propósitos delirantes dessa força autocrática presente em Israel. Fosse o governo israelense composto por moderados, até por democratas, uma vez colocada em curso uma guerra (não uma ação policial com recursos militares para caçar os terroristas e libertar os reféns, mas uma guerra mesmo), veríamos no teatro de guerra de Gaza alguma coisa muito parecida com o que está acontecendo agora. Ou seja, do fato dos extremistas israelenses estarem no governo e (alguns, pelo menos) terem intenção genocida, não se pode derivar que a ação de Israel na guerra seja orientada por uma intenção genocida.
O Hamas, sim, tem uma intenção genocida. Eliminar um grupo populacional: os judeus (inicialmente os de Israel). A África do Sul, que mantém relações cordiais com o Hamas e atua como fantoche do eixo autocrático, tem uma intenção: condenar falsamente Israel por genocídio.
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