Ataque à TV estatal: escritor iraniano elogia Israel e critica governo do Irã
“Já deveria estar claro qual lado quer maximizar as baixas civis e qual lado quer minimizá-las”

O escritor iraniano H. Ferdosy, autor do thriller Thirteen, rebateu no X uma postagem do ativista Shaiel Ben-Ephraim, morador de Hollywood, na Califórnia, sobre o ataque israelense a uma TV estatal do Irã.
Ela é apontada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) como fachada civil para o centro de comunicações do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês).
Ao publicar o vídeo da apresentadora Sahar Emami (foto) sendo surpreendida no estúdio com a explosão ao lado, Shaiel Ben-Ephraim, diplomado em História e Relações Internacionais, produziu uma síntese típica de rede social para demonizar a ação israelense:
“Israel: não temos jornalistas como alvo.
Também Israel:” – e compartilhou o vídeo.
Repúdio
H. Ferdosy — que vive atualmente na Floresta Negra, região montanhosa do sudoeste da Alemanha, na fronteira com a França — repudiou a lacração do ativista e detalhou o contraste entre os procedimentos de Israel e Irã, acompanhados por ele e seus familiares antes e depois do ataque à IRIB (em inglês, Islamic Republic of Iran Broadcasting; ou seja, a emissora da República Islâmica do Irã).
“É ridículo ver esses tuítes agora que Israel atacou o Irã. Quando era [a reação militar israelense em] Gaza, embora minha lógica me dissesse que pessoas como Shaiel eram todas cheias de m… [ou seja, pessoas que espalham narrativas falsas], sempre havia essa dúvida na parte de trás da minha cabeça, aquela pequena voz que dizia: ‘Você não conhece toda a história.’
Mas então o [caso do] Irã aconteceu. Desta vez, acontece que tenho parentes lá, conheço, muito intimamente, o sistema, a cultura, a infraestrutura, a política. Desta vez, quando Israel envia mensagens de aviso, minha família também as recebe. Desta vez, quando ouço a propaganda do regime, eles estão falando minha língua, então nenhum ‘contexto’ é perdido para mim.
E agora posso dizer, com total confiança, que essas pessoas são cheias de m…
Eu acompanhei toda a história hoje [segunda, 16], porque minha família foi afetada. Minha tia morava perto da área e teve que evacuar. Eu vi Israel tomando todas as medidas para evitar vítimas civis, porque eu acompanhei os avisos, eu os escutei e retransmiti.
A partir do momento em que anunciaram a evacuação, a TV estatal começou a pedir às pessoas que não os ouvissem e ignorassem as mensagens de texto (então, sim, havia mensagens de texto). Eles trancaram a equipe no prédio de transmissão e a colocaram no ar até o segundo em que foi atingido – algo sobre o qual foram avisados com horas de antecedência.
Minha família já havia sido evacuada quando o primeiro míssil atingiu. Tenho certeza de que a equipe da IRIB também poderia ter evacuado se tivesse alguma intenção. Em vez disso, eles escolheram (ou foram forçados a) ficar lá e pedir a outros cidadãos que também ficassem na área para se tornarem vítimas.
Depois que os ataques israelenses aconteceram, e qualquer ser humano reconheceria que esses avisos não eram, de fato, ‘jogos mentais’, o que o regime fez? Eles trouxeram de volta as apresentadoras e começaram a ir ao ar novamente, apesar do fato de que Israel havia dito que os ataques não haviam acabado.
Agora, vamos voltar e adicionar um pouco mais de contexto. A sede da IRIB é mais do que apenas um centro de transmissão. Não é apenas um bando de jornalistas batendo ponto pela manhã e fazendo reportagens honestas. A IRIB é o coração da máquina de propaganda iraniana. É um lugar guardado 24 horas por dia, 7 dias por semana, por pessoal armado.
Em 2009, eu estava no Irã e testemunhei o dia em que manifestantes começaram a marchar em direção à sede da IRIB para conquistá-la, e os agentes do regime começaram a atirar neles. Esse lugar não é menos que uma fortaleza militar quando se trata do nível de proteção, porque o governo sabe que é onde as revoluções acontecem (uma das quais vimos em 1979).
Cortar a cabeça da propaganda do regime que pede que as pessoas permaneçam em zonas de evacuação foi um objetivo importante que salva vidas mais adiante na campanha militar de Israel. Isto é o que Israel fez hoje.
Então, quem é o culpado por quaisquer baixas? Israel? Ou o regime que diz ativamente às pessoas para ficarem em zonas de evacuação, mantém os funcionários em um prédio que sabe que vai ser atingido e retoma a transmissão quando sabe que vai ser atingido novamente?
Eu vi a coisa toda. Foi uma montanha-russa hoje. E agora posso dizer com certeza que Israel fez tudo ao seu alcance para minimizar as vítimas civis, e o regime islâmico fez tudo ao seu alcance para maximizá-lo.
Agora eu sei. Agora, não tenho dúvidas.
Shaiel Ben-Ephraim é uma desgraça para a comunidade judaica, usando seu teclado como quem empunha o cartaz ‘Tirem suas mãos do Irã’ [slogan de manifestação em frente à Embaixada dos EUA convocada por grupos pró-Hamas para 22 de junho]. Então, Shaiel, estou apelando a você que pare de falar sobre essa guerra porque… Eu queria dizer que você não sabe do que está falando, mas acho que você sabe exatamente o que está fazendo.”
Sem argumentos diante do testemunho familiar de H. Ferdosy, Shaiel Ben-Ephraim saiu pela tangente.
“Não me dei ao trabalho de ler”, comentou o ativista, tentando fazer chacota.
“Bom”, ironizou o escritor.
“Não perca seu tempo escrevendo besteiras”, insistiu Shaiel Ben-Ephraim.
“Ah, você está me ignorando dramaticamente?”, questionou Ferdosy, com ironia.
O ativista não respondeu.
Ainda na segunda, 16, o escritor iraniano compartilhou e repudiou um vídeo que mostra a porta-voz do governo do Irã, Fatemeh Mohajeran, pedindo aos cidadãos que não acreditem nos “jogos mentais” de Israel e não evacuem o Distrito 3, área da IRIB.
“Já deveria estar claro qual lado quer maximizar as baixas civis e qual lado quer minimizá-las”, comentou.
Nesta terça, 17, H. Ferdosy ainda compartilhou um vídeo de programa conduzido pela mesma apresentadora, Sahar Emami, que apareceu nas imagens do momento da explosão do dia 16.
“Surgiu um vídeo da ‘jornalista heroína’ de ontem, onde ela defende veementemente prisões brutais por violação do hijab e praticamente interroga com linguagem agressiva o oficial que se opõe justamente ao método de prisão (agarrar mulheres). Como eu disse anteriormente, não há inocentes na IRIB.”
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