A lição de Jake Tapper aos defensores do “cessar-fogo” em Gaza A lição de Jake Tapper aos defensores do “cessar-fogo” em Gaza
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A lição de Jake Tapper aos defensores do “cessar-fogo” em Gaza

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Felipe Moura Brasil
6 minutos de leitura 07.11.2023 15:02 comentários
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A lição de Jake Tapper aos defensores do “cessar-fogo” em Gaza

O âncora Jake Tapper fez na CNN Internacional o que fazemos há um mês no Papo Antagonista, desde o início da cobertura do massacre de 7 de outubro e da reação militar de Israel. Ele usou declarações de líderes do Hamas, como Khaled Mashal, Abu Marzouk e Ghazi Hamad,  para...

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Felipe Moura Brasil
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A lição de Jake Tapper aos defensores do “cessar-fogo” em Gaza
Foto: O Antagonista

O âncora Jake Tapper fez na CNN Internacional o que fazemos há um mês no Papo Antagonista, desde o início da cobertura do massacre de 7 de outubro e da reação militar de Israel.

Ele usou declarações de líderes do Hamas, como Khaled Mashal, Abu Marzouk e Ghazi Hamad, para contestar alegações em prol de um cessar-fogo (israelense, claro) na Faixa de Gaza, como defendeu, dessa vez, a rainha Rania, da Jordânia, que é palestina de origem.

Em entrevista à própria CNN, ela declarou:

“Eu sei que alguns que argumentam contra o cessar-fogo dizem que ele vai ajudar o Hamas. Entretanto, sinto que este argumento está essencialmente ignorando e até justificando a morte de milhares de civis, o que é moralmente condenável.”

O âncora, em tom quase irônico, comentou:

“Justificando a morte de milhares de civis? É uma maneira interessante de dizer.

O que o Hamas imaginava que Israel iria fazer? Eles não imaginavam que [o país] iria retaliar de uma maneira que poderia causar a morte de civis em Gaza, já que o Hamas se mistura com a população local?”

A questão também foi colocada pela jornalista Rasha Nabil, da TV Al Arabiya, do Qatar, em entrevista com Mashal em 19 de outubro.

Na resposta exibida por Tapper, que ele considerou ilustrativas das “preocupações” do Hamas com as vidas dos palestinos, o porta-voz do grupo terrorista confirmou que a morte de civis em Gaza não é obstáculo para os ataques.

“Querida irmã, as nações não são facilmente libertadas. Os russos sacrificaram 30 milhões de pessoas na Segunda Guerra Mundial, para libertar o país do ataque de Hitler. Os vietnamitas sacrificaram 3,5 milhões de pessoas até derrotarem os americanos. O Afeganistão sacrificou milhões de mártires para derrotar a União Soviética e depois os Estados Unidos. O povo argelino sacrificou seis milhões de mártires ao longo de 130 anos. O povo palestino é como qualquer outra nação. Nenhuma nação é libertada sem sacrifícios.

Tapper repetiu esta última frase e comentou, no mesmo tom anterior:

“Não é exatamente uma expressão de arrependimento pela morte de civis inocentes palestinos.”

Em seguida, lembrou a entrevista feita em 27 de outubro pelo canal Russia Today com Abu Marzouk, citando a seguinte questão levantada para ele:

“Vocês construíram 500 quilômetros de túneis em Gaza. Por que não construíram abrigos antibomba onde os palestinos possam se esconder durante bombardeios?”

Marzouk, como também mostramos, respondeu que os túneis não são para a proteção dos civis palestinos e jogou para a ONU e para Israel a responsabilidade por protegê-los.

“Construímos os túneis porque não temos qualquer outro meio de proteger a nós mesmos de sermos alvejados e mortos. Esses túneis foram feitos para nos proteger dos aviões. Nós [o Hamas] estamos lutando de dentro deles. Todos sabem que 75% das pessoas na faixa de Gaza são refugiados, e é responsabilidade da ONU protegê-los. De acordo com a Convenção de Genebra, é responsabilidade da ocupação [Israel] fornecer a eles todos os serviços, enquanto eles estiverem sob a ocupação.”

Tapper emitiu um som irônico (algo como “hum”) e logo registrou a posição do governo de Joe Biden, que distingue a pausa humanitária, medida pontual eventualmente necessária para a evacuação de civis e a entrada de alimentos e remédios, e o cessar-fogo, contra o qual se volta por entender que beneficia o Hamas.

O âncora ainda lembrou a declaração de Hillary Clinton, ex-secretária de Estado dos EUA e correligionária de Biden no Partido Democrata, sobre o tema:

“As pessoas que pedem um cessar-fogo agora não entendem o Hamas. Isso não é possível. Seria um grande presente para o Hamas porque eles gastariam todo o tempo [em que] houvesse um cessar-fogo em vigor reconstruindo seus armamentos [e] criando posições fortes, para serem capazes de se defender de um eventual ataque dos israelenses.”

Tapper declarou:

“Mas, sabe, não precisa acreditar nas palavras dela.”

Em seguida, exibiu um trecho da entrevista de Ghazi Hamad a uma TV libanesa.

“Esta é só a primeira vez. E haverá uma segunda, uma terceira, uma quarta… Porque temos a determinação, a obstinação e as capacidades para lutar. Teremos de pagar um preço? Sim, e estamos prontos para pagar. Somos chamados de uma nação de mártires, e temos orgulho de sacrificar mártires.”

Tapper concluiu, didaticamente:

“Então, o Hamas, que é o governo de Gaza, baseado em suas próprias palavras:

a) eles pensam que a perda de vidas de civis inocentes palestinos é apenas o preço da libertação;

b) eles pensam que, mesmo sendo o governo de Gaza, não é responsabilidade deles proteger os civis palestinos, os túneis são para eles próprios, para lutar, não para civis; e

c) eles estão determinados a continuar atacando Israel do mesmo modo como fizeram em 7 de outubro, de novo, de novo e de novo.

Baseado no que eles dizem!

Então, por essas razões, Israel diz: ‘Nós podemos ter um cessar-fogo, ouça o que eles dizem.’

Portanto, eles [os israelenses] estão avançando em sua incursão terrestre em Gaza. Do ponto de vista de Israel, eles ouvem todos os apelos por cessar-fogo. O que eles não ouvem é alguém, na comunidade internacional, propondo algum modo de resgatar os 240 reféns que o Hamas sequestrou. Eles não ouvem ninguém propondo algum modo de o Hamas ser removido do comando de Gaza. Israel vê os protestos e as manifestações por cessar-fogo e não vê protestos e manifestações pelo resgate dos reféns ou pela remoção do Hamas. Então, aqui nós estamos, e aqui está o presidente Biden em uma situação complicada.”

O Antagonista dá as boas-vindas aos profissionais de comunicação que, ao contrário da maioria do mainstream mundial, e às vezes dos próprios colegas de emissora, defendem o combate, ou pelo menos explicam honestamente as razões da reação militar, a grupos terroristas responsáveis por massacres e sequestros de judeus, e pela variação deste último crime: o uso dos próprios conterrâneos como escudos humanos para constranger, diante da opinião pública, a legítima defesa do país permanentemente atacado por eles, a despeito dos alertas diários de suas tropas e dos corredores humanitários abertos por elas para a evacuação da população inocente.

O Papo Antagonista – exibido ao vivo em nosso canal de Youtube às 18h, de segunda a sexta – não esperou, não espera, nem vai esperar a imprensa mundial para fazer jornalismo, sempre baseado nos fatos e incondicionalmente alinhado não a governos, nem a países, mas à civilização.

Leia também:

The Economist explica por que “cessar-fogo é inimigo da paz” em Gaza

Hamas conta com esse tipo de cobertura, critica porta-voz do Exército israelense

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