Centenas de manifestantes tomaram as ruas da cidade de Basileia, na Suíça, em protesto contra a participação de Israel na final do Eurovision, realizado na noite deste sábado. A cantora israelense Yuval Raphael (foto), sobrevivente do massacre do Hamas em 7 de outubro de 2023, está na final do evento musical.

Os protestos começaram no centro da cidade, onde ativistas pró-Palestina entraram em choque com a polícia pouco antes da apresentação israelense. A polícia usou gás lacrimogêneo e mobilizou um caminhão com canhão de água para conter os manifestantes.

Em meio a gritos e cartazes com frases como “Não à Música para Assassinatos” e “Cantem enquanto Gaza Arde”, alguns manifestantes queimaram bandeiras de Israel e dos Estados Unidos, lançaram fumaça colorida e encenaram cenas de violência.

O Conselho de Segurança Nacional de Israel emitiu um alerta para os cidadãos israelenses em Basileia e pediu discrição em locais públicos para evitar confrontos. 

Manifestantes tentam invadir palco

Durante a apresentação da canção “New Day Will Rise”, vaias e assobios foram ouvidos por parte da plateia, segundo jornalistas presentes. A performance foi interrompida brevemente quando dois manifestantes tentaram invadir o palco. 

Um homem e uma mulher conseguiram ultrapassar uma barreira, mas foram contidos por seguranças. Um deles lançou tinta, atingindo um membro da equipe, que não se feriu. Após o incidente, a delegação israelense precisou ser retirada do local por 15 minutos. 

A emissora suíça SRG SSR confirmou o episódio e afirmou que utilizou um recurso televisivo para preservar o tom festivo da transmissão. A União Europeia de Radiodifusão (EBU), organizadora do Eurovision, negou ter havido vaias durante a apresentação. Nas redes sociais, porém, espectadores alegaram que o som foi editado para abafar reações negativas.

Quem é Yuval Raphael?

Yuval Raphael, de 24 anos, sobreviveu ao ataque de terroristas do Hamas durante o festival de música eletrônica Nova, em 7 de outubro de 2023. 

Ela se escondeu sob cadáveres por cerca de oito horas. O massacre deixou 1.200 mortos em Israel e resultou no sequestro de 250 pessoas, segundo autoridades israelenses.

A participação de Yuval no Eurovision tem sido marcada por tensões desde o início da semana. Em um evento de abertura do festival, um manifestante pró-Gaza fez gestos de degolação em direção à cantora, o que levou a delegação israelense a registrar uma queixa junto à polícia suíça. A segurança da artista foi reforçada.

A música apresentada por Yuval fala sobre superação e esperança após tragédias.

Na edição anterior, a representante israelense Eden Golan também enfrentou protestos pela música “October Rain”, posteriormente rebatizada como “Hurricane” para amenizar referências diretas ao massacre de 7 de outubro.