O BoJ (Banco Central do Japão) encerrou nesta terça-feira, 19, a era dos juros negativos iniciada em 2016. Com isso a taxa básica de juros local passou de uma banda entre -0,10% e 0% ao ano para ente 0% e 0,1% ao ano.

Isso significa que os interessados em comprar títulos públicos japoneses a partir de agora terão algum rendimento a receber após deixarem o dinheiro com o governo. A ideia japonesa manter a taxa negativa era estimular o consumo no país após um longo período de contínua deflação, por isso, o banco central japonês cobrava para ficar com o dinheiro que não era destinado ao consumo.

A decisão foi motivada pelos sinais iniciais de um robusto crescimento salarial em 2024, com as principais empresas locais oferecendo aumentos acima de 5%, nível mais alto em décadas de acordo com os sindicatos japoneses. O Banco do Japão espera que ganhos mais altos impulsionem a demanda doméstica e levem a um ciclo virtuoso, em que o aumento da demanda alimentará a inflação, como mencionado em comunicado oficial.

No entanto, o Banco do Japão alertou que não pretende realizar aumentos agressivos nas taxas de juros no momento, considerando o frágil crescimento da quarta maior economia do mundo. Portanto, espera-se que as condições financeiras acomodatícias sejam mantidas.

Além disso, a autoridade monetária japonesa também aboliu a política de controle da curva de rendimentos para títulos soberanos do país. A estratégia consistia na compra e venda de títulos conforme necessário para direcionar as taxas de juros de longo prazo.

Outra medida que acompanha a mudança da política é a redução gradual das compras de ações e títulos corporativos, com o objetivo de interromper completamente a prática em cerca de um ano.

Após o anúncio, o iene japonês enfraqueceu em relação ao dólar americano, enquanto o índice acionário Nikkei oscilou entre ganhos e perdas, mas fechou a sessão em alta de 0,66%. O principal índice da bolsa japonesa acumula 19,54% de alta neste ano. Os rendimentos dos títulos de 10 e 30 anos recuaram.