Tesla perde terreno na China, mostra Wall Street Journal
Uma análise publicada pelo Wall Street Journal revela que a Tesla, liderada por Elon Musk, está enfrentando sérias dificuldades na China
Uma análise detalhada publicada pelo Wall Street Journal revela que a Tesla, liderada por Elon Musk, está enfrentando sérias dificuldades na China — seu segundo maior mercado em receita e principal base de produção e exportação.
O país asiático, que já foi visto como a grande aposta de expansão global da montadora, agora se tornou palco de uma crescente perda de competitividade para os rivais locais.
Durante os primeiros anos de atuação na China, a Tesla foi recebida de braços abertos por Pequim. Em 2018, tornou-se a primeira montadora estrangeira autorizada a operar sem parceira local, recebendo incentivos como terrenos baratos, crédito facilitado e benefícios fiscais.
A estratégia chinesa era clara: usar a Tesla como catalisadora do setor de veículos elétricos (EVs), forçando as montadoras locais a acelerar sua evolução.
No entanto, como aponta o WSJ, esse impulso inicial agora se volta contra a Tesla. Em maio de 2024, a empresa vendeu menos de 40 mil veículos na China — uma queda de 30% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Enquanto isso, o mercado total de carros elétricos e híbridos plug-in cresceu 28%. A participação da Tesla caiu para 4%, comparada aos 11% que detinha em 2021. A BYD, maior rival local, já abocanha cerca de 29% do segmento, enquanto a estreante Xiaomi, com apenas um ano de operação no setor, já soma 3%.
Um dos fatores apontados pela reportagem para essa perda de relevância é a defasagem dos produtos da Tesla em relação às preferências do consumidor chinês.
Os modelos da marca norte-americana vêm sendo percebidos como antiquados diante dos concorrentes nacionais, que oferecem inovações como múltiplas telas, geladeiras internas, assistentes de voz integrados e câmeras para selfies.
O SU7, sedã elétrico da Xiaomi, é citado como um sucesso entre consumidores jovens por sua integração total com o ecossistema digital da marca, que também é fabricante de telefones celulares avançados.
O descompasso entre os times locais e a matriz nos EUA também é exposto. Funcionários da Tesla na China afirmam que, desde 2021, alertam sobre a necessidade de adaptação dos produtos ao gosto local, incluindo melhor integração com smartphones (caso do Xiaomi) e mais aplicativos de entretenimento. As respostas, porém, foram lentas ou inexistentes.
A estagnação não para por aí. A Tesla ainda não conseguiu aprovação total para lançar na China seu aguardado sistema de direção autônoma Full Self-Driving (FSD).
Apesar de Musk ter se reunido com o premiê Li Qiang em 2024, a exigência legal de que os dados de condução sejam processados localmente emperra o projeto, agravado por restrições dos EUA à exportação de chips avançados.
Tentativas da Tesla de lançar atualizações por meio de brechas regulatórias irritaram autoridades chinesas, que reagiram endurecendo ainda mais o controle sobre o setor.
O cenário é agravado pela recente ruptura entre Musk e Donald Trump. Segundo o Wall Street Journal, isso reduziu o valor estratégico do empresário como figura diplomática para Pequim. Autoridades chinesas, antes dispostas a cortejá-lo, agora evitam associar-se a ele publicamente.
A reportagem mostra que a Tesla enfrenta o mesmo dilema histórico de outras gigantes americanas: começa com vantagem, mas é rapidamente superada quando concorrentes locais aprendem com eles, ganham escala e o apoio do governo.
Para muitos analistas, Elon Musk está agora mais perto do ocaso do que do auge nos negócios com a China — um mercado que ele ajudou a transformar, mas que agora segue adiante sem esperar por seu padrinho.
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