Tesla perde fôlego e foco com Musk distante
Tesla envelhece sem grandes mudanças, enquanto Elon Musk perde foco e rivais elétricos avançam com mais inovação

A Tesla, que já liderou o mercado de carros elétricos com ousadia e inovação, hoje enfrenta um problema estrutural que ameaça sua relevância: sua linha de veículos está envelhecendo rapidamente.
Com modelos lançados há mais de uma década e poucas atualizações significativas desde então, apesar de seguir sendo referência em software e tecnologia de condução autônoma, a empresa perde espaço para concorrentes que começam a oferecer tecnologias mais modernas, maior autonomia, recarregamento mais rápido e melhor custo-benefício.
O Tesla modelo S, lançado em 2012, foi revolucionário em seu tempo, mas permanece praticamente o mesmo. Apesar de uma atualização em 2021, com melhorias na autonomia e no interior, o design externo e a plataforma continuam datados.
O modelo X, SUV de luxo da marca, chegou em 2015 e também carece de mudanças profundas desde então. O modelo 3, sedã mais acessível, foi lançado em 2017, seguido pelo modelo Y em 2019. Ambos receberam pequenos facelifts e ajustes de software, mas nenhuma transformação estrutural relevante.
O tão aguardado Cybertruck, anunciado em 2019, mas lançado com 4 anos de atraso, foi criticado por falhas de acabamento e por não entregar o que prometia em autonomia e preço – foi prometido por pouco mais de 39 mil dólares, mas hoje não sai por menos de 72 mil dólares, e isso na sua versão básica – o que minou parte do entusiasmo em torno do modelo.
Nesse sentido, a chegada do esperado esportivo Roadster, que deverá custar mais de 200 mil dólares, anunciada em 2017 e cuja produção começaria em 2020, até agora não se materializou: a cada ano o início de sua fabricação é adiado e pouca informação é divulgada.
Enquanto isso, empresas como Lucid Motors, Rivian, BMW, Mercedes-Benz, Kia e Hyundai avançam com força total. O Lucid Air, por exemplo, entrega mais de 800 km de autonomia com design e tecnologia de ponta.
O coreano Kia EV9 e a americana Rivian R1S oferecem plataformas atualizadas, melhor dirigibilidade e sistemas avançados de assistência ao condutor.
Especialistas alertam que os veículos da Tesla, embora ainda eficientes, já mostram sinais de cansaço e defasagem. Problemas como degradação de bateria, falhas no infoentretenimento e acabamento interior inferior ao de rivais diretos são cada vez mais citados em análises e fóruns especializados.
A falta de uma nova geração, sobretudo para os modelos S e X, já com 13 e 10 anos nas costas, é vista como um risco estratégico.
A situação se agrava com o aparente afastamento de Elon Musk da Tesla. O CEO da empresa está cada vez mais envolvido em outros projetos, como a inteligência artificial da xAI, o desenvolvimento de robôs humanoides Optimus, as polêmicas na rede social X, além do plano de lançar robotáxis autônomos.
Segundo reportagem do Wall Street Journal, Musk tem dedicado atenção reduzida à Tesla, o que tem incomodado investidores. Um grupo de acionistas chegou a exigir que ele cumpra uma jornada semanal mais longa, dedicada exclusivamente à montadora.
Apesar de Musk ter prometido continuar à frente da Tesla por “mais cinco anos”, analistas e acionistas consideram a declaração vaga.
A falta de foco do fundador em sua principal empresa e a estagnação do portfólio levantam sérias dúvidas sobre a capacidade da Tesla de manter sua liderança e pioneirismo tecnológico no setor de veículos elétricos.
A situação ainda está longe de ser desesperadora, mas com concorrentes inovando em ritmo acelerado e o próprio Elon Musk voltando sua atenção para outros projetos, a Tesla arrisca ver sua posição dominante minguar — não por falta de recursos, mas por falta de renovação.
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