Quem faz o certo perde o cargo na Caixa?
Dois gerentes perderam os cargos na Caixa Econômica Federal quatro dias após se oporem a uma operação "atípica" e "arriscada" com o Banco Master. Caso lembra estranho acordo do Banco do Brasil, revelado por Crusoé, e cobrança de Lula por demissão de analista do Santander
Dois gerentes perderam os cargos na Caixa Econômica Federal após se oporem à compra de um lote de 500 milhões de reais em letras financeiras do Banco Master, informa O Globo. Eles consideraram o negócio arriscado demais para os padrões do banco.
O jornal chamou a atenção para um parecer sigiloso da área de renda fixa da Caixa Asset, o braço de gestão de ativos do banco estatal, que “desaconselhou enfaticamente a operação, considerada ‘atípica’ e ‘arriscada’, não só em razão do valor, considerado alto demais, como por causa do rating do banco”, de BB+, risco médio.
O documento revelado classifica o modelo de negócios do Master como de “de difícil compreensão” e indica “alto risco de solvência”, o que levou o assunto a ser retirado da pauta de reunião do comitê de investimento da Caixa Asset em 4 de julho. “Quatro dias depois, os gerentes Daniel Cunha Gracio, de renda fixa, que assina o parecer, e Maurício Vendruscolo, de renda variável, que também avalizou os documentos, perderam seus cargos”, diz O Globo.
Retaliação?
O jornal acrescenta: “Nos bastidores da Caixa, o movimento foi interpretado como uma tentativa de retaliação e de eliminar as resistências internas ao negócio, já que o comitê de investimentos, a quem cabe dar aval a esse tipo de operação, deverá ser recomposto com os novos gerentes dessas áreas”.
“Desde então, abriu-se uma crise no banco, que repercutiu entre operadores do mercado financeiro, segundo apurou a equipe do blog com três fontes a par do assunto ouvidas em caráter reservado”, informa a coluna de Malu Gaspar.
A Caixa Asset negou retaliação, alegando, em nota, que “realiza, periodicamente, uma avaliação do time de gestores, e não faz parte da política da empresa nenhum tipo de retaliação, sendo que as substituições se dão com critério exclusivamente profissional”.
Bancos
O caso da Caixa lembra reportagem exclusiva publicada por Crusoé em 21 de junho sobre O estranho acordo de R$ 600 milhões do Banco do Brasil. Com a diferença de que o caso do Banco do Brasil se consumou, e com a assinatura do ministro Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão num domingo à noite.
Impossível não lembrar também de quando Lula pediu publicamente ao então presidente do Santander, Emilio Botín, em 2014, a demissão de uma executiva que alertou para os riscos da reeleição de Dilma Rousseff para a economia brasileira.
“Essa moça tua que falou não entende porra nenhuma de Brasil e nada de governo Dilma… pode mandar embora”, discursou Lula em palanque. A “moça” foi de fato mandada embora, e cobrou na Justiça indenização do petista. O tempo mostrou de forma avassaladora, com o peso de um impeachment, que a analista do Santander estava correta.
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