A Qualicorp anunciou a convocação de uma assembleia geral para o dia 3 de outubro para deliberação sobre a exoneração de responsabilidade e quitação do fundador e ex-acionista de referência da companhia, José Seripieri Filho.

A medida está diretamente relacionada ao acordo de leniência que a empresa firmou com o governo federal no âmbito da Operação Lava Jato. No acordo, o empresário, também conhecido como Júnior, comprometeu-se a arcar com 50% da multa estipulada, atualmente em torno de 43,6 milhões de reais.

Em contrapartida, Seripieri Filho obteve a garantia de que a Qualicorp não tomaria ações judiciais contra ele em relação aos fatos investigados.

Solução definitiva para investigações das operações Paralelo 23 e Triuno

Em julho deste ano, a Qualicorp anunciou a resolução das investigações envolvendo as operações Paralelo 23 e Triuno, que apuravam supostos desvios de dinheiro ocorridos há mais de uma década. O conselho de administração da empresa aprovou um acordo de leniência com a Controladoria Geral da União (CGU) e a Advocacia Geral da União (AGU).

Conforme o acordo, a Qualicorp deverá pagar aproximadamente 43,5 milhões de reais à União, em 12 parcelas mensais corrigidas pela taxa Selic. Além da penalidade financeira, a empresa assumiu o compromisso de aprimorar o programa de integridade e governança corporativa, reforçando medidas de conformidade que ainda não haviam sido implementadas.

Compromisso financeiro de Seripieri Filho

O fundador e acionista de referência da companhia José Seripieri Filho assinou, em 2021, um “instrumento de cooperação” em que se comprometeu a arcar com 50% do valor que seria pago pela empresa no âmbito do acordo de leniência, até o limite de 20 milhões de reais à época.

O instrumento foi a solução encontra pela companhia à época para viabilizar o acordo de leniência, em função da necessidade de cooperação do fundador, uma vez que Seripieri ocupava cargo relevante como administrador da empresa nos anos de 2013 e 2014, quando os fatos sob investigação ocorreram e, portanto, era detentor de informações e documentos do interesse das autoridades competentes.

Operações Paralelo 23 e Triuno: entenda as investigações

Na Operação Paralelo 23, a Polícia Federal investigou um esquema de caixa 2 na campanha de José Serra ao Senado, em 2014. À época, Seripieri Filho foi preso após as investigações apontarem que ele teria feito doações não declaradas de 5 milhões de reais para a campanha do político.

Na Operação Triuno, a Polícia Federal investigou um esquema de pagamento de propinas a servidores da Receita Federal, com a finalidade de reduzir a carga tributária de empresas. A sede da Qualicorp foi alvo de buscas após a delação premiada de Guilherme Jesus Paulus, fundador da CVC, que indicou o envolvimento da companhia no esquema durante o período de gestão de Seripieri Filho.