O economista Pérsio Arida foi um dos vários pais do Plano Real que apoiaram a candidatura de Lula contra Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição do ano passado. Cinco meses após o início do governo do petista, contudo, Arida se diz preocupado.

“Do ponto de vista econômico, a evolução dos primeiros meses é muito preocupante”, diz o economista em entrevista ao Valor Econômico. “Não muda em nada a minha avaliação sobre o apoio que dei ao presidente Lula, porque foi um apoio pensando na democracia, nos direitos humanos, na agenda ambiental, muito mais do que na economia”, pondera.

Segundo Arida, “esse começo de governo é uma sequência de iniciativas e ideias que vão na contramão do que o Brasil precisa: a revisão do marco do saneamento, a revisão dos critérios de voto da Eletrobras, os ataques ao Banco Central, os questionamentos sobre a lei das estatais, a volta de subsídios no BNDES, ideias como criar uma indústria de semiprocessadores no Brasil ou restaurar a indústria naval, o subsídio ao carro popular, retrocessos na agenda ambiental”.

Sobre o novo arcabouço fiscal, Arida diz que “preferia uma regra mais simples e abrangente”, mas o que mais lhe preocupa “é o incentivo para aumentar a receita para gastar mais”. Apesar da desconfiança, o economista diz que “inícios de governo são sempre confusos, eu vivi isso de perto no governo Fernando Henrique”. “A ver como vai se desenvolver para frente. Não é que eu esteja radicalmente pessimista, ainda tem tempo para pra corrigir a rota e colocar o Brasil numa situação de crescimento elevado.”