Márcio Coimbra na Crusoé: As garras de Pequim
Este é o grande desafio que se impõe ao Brasil: evitar trocar o estatismo do passado pela submissão externa a regimes autoritários no futuro
A grande expansão chinesa pelo mundo possui rumo nítido e objetivos que estão muito além da economia, com claros desdobramentos políticos por onde passa. Esta iniciativa tomou forma muito bem definida pela estratégia da Nova Rota da Seda, implementada pelo governo de Xi Jinping (foto).
Fato é que o líder chinês possui um tipo de liderança e visão muito diferentes de seus antecessores, Hu Jintao e Jiang Zemin, mais cautelosos e menos audazes que Xi Jinping. Em seu governo, o país vem exercendo um imperialismo ativo e contundente, usando a economia como arma de dependência e pressão política no médio e longo prazo. Os países que fizeram a opção pela aliança com Pequim têm agora uma fatura a pagar.
Ao mesmo tempo, sabemos que o investimento direto estrangeiro se tornou importante diante de um mundo mais conectado e com economias interdependentes. Além de financiar ações seminais em áreas como inovação e desenvolvimento, é responsável por impulsionar setores essenciais da economia na construção de comunidades com enorme diferencial competitivo. Isso se torna ainda mais importante em países como o Brasil, que direciona 92% dos recursos do setor público para custeio, possuem forte déficit de poupança interna e são dependentes de capital externo para realização de investimentos.
Assim, a China desponta como parceiro sedutor para países sedentos de investimentos, porém sempre direcionando os recursos para áreas definidas. Nos últimos anos, o setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica foi aquele que mais recebeu investimentos chineses no Brasil. Portos e minas também estão na mira de Pequim. Um desenho que avança sobre setores estratégicos.
Porém, recentemente percebemos um redirecionamento desses interesses na região. A perda de relevância dos projetos de infraestrutura ocorreu à medida que o foco se modificou para aquilo que é chamada de “nova infraestrutura”. Estamos falando de uma mudança profunda de foco e valor no investimento direto estrangeiro chinês.
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