Jorge Seif defende “imposto que paga o nosso salário”
Ao defender a 'taxação das blusinhas', Seif, que se diz liberal, contrariou princípios liberais clássicos antiprotecionistas, que pregam a redução de impostos e a livre concorrência
O senador Jorge Seif (PL-SC), que se diz liberal, defendeu nesta quarta-feira, 5, a taxação em 20% das compras internacionais até 50 dólares, contrariando princípios liberais clássicos antiprotecionistas, que pregam a redução de impostos e a livre concorrência.
Citando a indústria e o comércio, ele afirmou não acreditar que os senadores iriam “ficar defendendo emprego, renda e dinheiro para chinês”, alegando que são os impostos que pagam “o nosso salário, a infraestrutura, a saúde, o MEC“.
“Tomemos a solução, uma postura de estadistas, de protetores da indústria nacional, de protetores do comércio brasileiro. Emprego, renda, imposto. Imposto esse que paga o nosso salário, que paga a infraestrutura, que paga a saúde, que paga o MEC”, afirmou em discurso na tribuna do Senado.
“Eu não posso acreditar que senadores da República vão ficar defendendo emprego, renda e dinheiro para chinês, preterindo a indústria nacional, o comércio nacional. Não sejamos hipócritas nem populistas, sejamos homens de posição, porque o cidadão consciente vai entender que os chineses não podem fazer o que querem no comércio brasileiro como têm feito”, acrescentou.
Em 28 de fevereiro de 2023, ao comentar uma publicação do empresário João Amoedo, Seif escreveu no X:
“Vivemos para ver ‘liberais’ defendendo impostos e ‘economistas’ torturando a lógica. Pagamos tão pouco de imposto né Amoedo? Que acha Miriam? O amor venceu e o aumento de impostos também. Desgoverno acelerando rumo ao precipício.”
A postura de Jorge Seif segue a orientação do empresário bolsonaristas Luciano Hang, também de Santa Catarina. Hang defende a taxação para alegadamente proteger o mercado nacional. Seif sacrifica ideais liberais em nome de interesses políticos imediatos.
‘Taxação das blusinhas’ passa no Senado
O plenário do Senado aprovou nesta quarta, 5, um pedido de destaque apresentado por líderes da base do governo Lula (PT) para inserir a taxação das compras internacionais até 50 dólares no projeto de lei que institui o programa Mover. Esse dispositivo havia sido retirado da proposta pelo relator Rodrigo Cunha (Podemos-AL), o que desagradou o Palácio do Planalto.
O destaque para inserir a taxação de 20% sobre compras internacionais até 50 dólares no texto foi assinado pelos líderes Eduardo Braga (MDB-AM), Jaques Wagner (PT-BA), Otto Alencar (PSD-BA) e Beto Faro (PT-PA). A chamada “taxa das blusinhas” vai impactar, principalmente, sites chineses como Shopee, Shein e AliExpress.
Atualmente, compras internacionais de até 50 dólares são taxadas somente pelo Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), um tributo estadual, com alíquota de 17%. O imposto de importação federal, de 60%, por sua vez, incide somente para remessas provenientes do exterior acima desse valor.
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