A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, apagou o vídeo que publicou em suas redes sociais no sábado, 22, para apresentar a linha de crédito oferecida pelo governo com parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia.

Na gravação, ela afirmava: “Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula“.

“O governo Lula liberou o crédito do trabalhador, uma nova linha de empréstimos consignados para quem trabalha com carteira assinada, com juros muito mais baixos. Como é que você pega? Solicite diretamente pelo aplicativo da carteira de trabalho digital. Autorize o acesso aos dados e em 24 horas você receberá ofertas de crédito”, continuava.

“O empréstimo é descontado diretamente da sua folha de pagamento. E você pode usar 10% do seu saldo do FGTS como garantia. E, em caso de demissão, 100% da multa rescisória. Já tem um consignado, e agora? Não tem problema. A partir do dia 25 de abril, você poderá usar esse programa para migrar suas dívidas, trocando o juro mais alto que está pagando pela taxa mais em conta do empréstimo do Lula”, completava.

Gleisi sentiu

Em nota, Gleisi atribuiu a decisão às iniciativas adotadas conta ela pelos partidos de oposição no âmbito jurídico.

“Diante de iniciativas no âmbito jurídico por parte de partidos de oposição, com evidente objetivo politico, decidi suspender a postagem em que chamo o consignado privado de empréstimo do Lula.”

Oposição

O partido Novo protocolou uma representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) denunciando Gleisi por suposta promoção pessoal do presidente Lula em campanha institucional.

De acordo com a deputada Adriana Ventura, líder do Novo na Câmara, “a Constituição é clara, a publicidade institucional deve servir ao interesse público, não à promoção pessoal de autoridades. O que vimos no vídeo da ministra Gleisi Hoffmann é o uso indevido da máquina pública em uma tentativa descarada de antecipar a propaganda eleitoral para 2026. Isso fere diretamente o princípio da impessoalidade e não pode ser normalizado”.

O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) e a vereadora Amanda Vettorazzo (União) também acionaram o Ministério Público Federal (MPF) contra a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais de Lula.

Eles argumentam que a publicidade fere os princípios da impessoalidade e configura ato de improbidade administrativa. Na representação, os parlamentares destacam que a ministra atribui um “caráter personalíssimo” à figura política de Lula, sugerindo que ele, como presidente, seria o responsável direto por conceder empréstimos a juros baixos.

Além de afrontar os princípios da impessoalidade e moralidade, a propaganda, segundo os parlamentares, personaliza uma política pública financiada com recursos da própria população.