E essa proposta de Alckmin para segurar os juros?
"Se eu tenho uma seca muito forte, vai subir o preço de alimento. E não adianta aumentar os juros, que não vai fazer chover", disse o vice-presidente

O vice-presidente Geraldo Alckmin (foto) causou alvoroço nas redes sociais nesta segunda-feira, 24, ao propor uma mudança na forma como o Banco Central deve modular a taxa básica de juros. Mas a proposta, inspirada nos Estados Unidos, não é nova.
Questionado sobre o assunto no evento Rumos 2025, do jornal Valor, o vice-presidente da República, que é também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, disse o seguinte:
“Eu mencionei o exemplo americano porque ele tira do cálculo da inflação [o item] alimento, porque alimento é muito clima. Se eu tenho uma seca muito forte, uma alteração climática muito grande, vai subir o preço de alimento. E não adianta aumentar os juros, que não vai fazer chover.”
Energia
“Então eu só vou prejudicar a economia [ao aumentar o juros] e, no caso do Brasil, pior ainda, porque aumenta a dívida pública. Cada 1% da taxa Selic, o impacto é de 48 bilhões [de reais] no pagamento da dívida”, seguiu Alckmin, destacando que os Estados Unidos também tiram energia do cálculo.
“Não adianta aumentar juros, que não vai baixar o [preço do] barril de petróleo”, completou, dizendo que considera uma “medida inteligente” e que entende que ela “deve ser estudada pelo Banco Central brasileiro”.
Alckmin acabou por não responder à pergunta que lhe foi feita no evento do Valor, sobre por que ele acha que esse debate não vai para a frente no Brasil. Talvez porque a economia brasileira seja diferente da americana.
Por quê?
Outra resposta possível seria que este não é exatamente o momento de propor mais um debate que soe como oportunista, já que o governo Lula passou a se importar com a inflação tarde demais e, agora, impopular, busca soluções mágicas.
Após passar seus dois primeiros anos gastando mais do que devia e contribuindo para a inflação, Lula e seus ministros correm atrás do prejuízo, mas apenas na retórica, porque não se prestam a fazer aquilo que poderia ter algum efeito prático: reformas estruturais.
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Desconfiança
Por mais valor que possa ter, a discussão proposta por Alckmin acaba por cair na mesma vala do monitoramento do Pix para movimentações acima de 5 mil reais por mês.
O governo Lula teve de abrir mão da instrução normativa sobre o monitoramento porque a população a interpretou como uma tentativa maliciosa de ampliar a cobrança de impostos.
Agora, a primeira reação é interpretar que Alckmin propôs maquiar os dados de inflação. É como o governo Lula condicionou o brasileiro a enxergá-lo.
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Comentários (3)
Angelo Sanchez
25.03.2025 14:20Elegemos um corrupto “descondenado”, agora não adianta chorar, o Brasil está merecendo toda a nossa pobreza, e a fatura chegou, alta nos preços e os salários corroídos, não adianta as bolsas miséria que o “descondenado” e sua gang estão distribuindo.
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
24.03.2025 16:38Nós que vivemos o período de hiperinflação e todo tipo de magica populista de governos medíocres e populistas (sendo bem generoso e não chamando ninguém de corrupto), sabemos muito bem o que está por trás dessa proposta intelectualmente desonesta. É isso, quando não quer se atuar nas causas, procura-se iludir com efeitos mágicos. No fim a inflação existe, corrói o poder de compra e a confiança da sociedade, além da bagunça que fica a economia.
Luis Eduardo Rezende Caracik
24.03.2025 16:32Alkmin tem razão, mas o problema no Brasil é que o governo, assim como o governo americano, acredita que endividamento não é problema. Se o banco central passasse a modular os juros, tirando do cálculo de inflação os preços afetados por questões não sujeitas à influência dos juros (como os preços de petróleo e de gêneros alimentícios afetados por questões climáticas) os tais 48 bilhões por cada 1% de redução de juros seriam prontamente gastos em coisas que em nada contribuiriam com aumento de produtividade da economia, ou na redução do endividamento. Simples assim.