Desde março de 2025, trabalhadores brasileiros com carteira assinada têm acesso a uma nova modalidade de crédito: o Crédito do Trabalhador. Desenvolvido pela Caixa Econômica Federal, este programa oferece uma linha de empréstimo consignado destinada exclusivamente a empregados sob o regime CLT, incluindo aqueles com restrições no nome. O objetivo é proporcionar até R$ 3 mil em crédito, com um processo de contratação totalmente digital.

O Crédito do Trabalhador surge em um contexto de alta inadimplência no Brasil, onde milhões de cidadãos enfrentam dificuldades para acessar crédito. A iniciativa visa oferecer uma alternativa mais acessível, com taxas de juros reduzidas e um processo simplificado, utilizando a integração com plataformas digitais como o FGTS Digital e o eSocial.

Como funciona o Crédito do Trabalhador?

Para solicitar o Crédito do Trabalhador, o empregado deve utilizar o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital. Este aplicativo permite simular propostas de empréstimo, autorizar o envio de dados para instituições financeiras e receber ofertas de crédito em até 24 horas. A contratação pode ser feita diretamente pelo aplicativo ou via WhatsApp, facilitando o acesso ao crédito.

Uma das principais vantagens deste programa é a segurança proporcionada pelo pagamento das parcelas diretamente na folha salarial do trabalhador. Isso reduz significativamente os riscos para os bancos, permitindo que ofereçam taxas de juros mais acessíveis, variando entre 1,6% e 3,17% ao mês.

Quais são as garantias e quem pode participar?

O Crédito do Trabalhador permite o uso do FGTS como garantia, o que é um diferencial importante. As regras permitem o uso de até 10% do saldo total da conta do FGTS e garantem até 100% da multa rescisória em caso de demissão. O valor máximo liberado por trabalhador é de R$ 3 mil, com um limite de comprometimento de 35% da renda mensal.

O programa é destinado a aproximadamente 47 milhões de trabalhadores formais, incluindo empregados com carteira assinada, trabalhadores domésticos registrados, trabalhadores rurais e empregados vinculados a MEIs com registro CLT. Mesmo aqueles com nome negativado podem participar, desde que possuam renda formal e saldo no FGTS.

Quais são os riscos e cuidados necessários?

Embora o Crédito do Trabalhador ofereça várias vantagens, é importante que os trabalhadores estejam cientes dos riscos. O uso do FGTS como garantia pode limitar o acesso a esses recursos em caso de demissão, o que pode impactar planos futuros, como a compra de uma casa própria. Além disso, a ausência de um teto fixo para os juros significa que cada banco pode definir suas taxas dentro da faixa permitida, tornando essencial a comparação de propostas.

Especialistas recomendam que os trabalhadores priorizem o uso do crédito para quitar dívidas mais caras e evitem o uso para consumo imediato não essencial. O uso de simuladores e aplicativos de controle financeiro pode ser uma ferramenta valiosa para garantir o uso responsável do crédito.

Linha do tempo do Crédito do Trabalhador

A implementação do programa seguiu uma agenda estratégica:

Março de 2025

• 12 de março: assinatura da Medida Provisória nº 1292/2025
• 21 de março: início das contratações pelo app da Carteira de Trabalho Digital

Abril de 2025

• 25 de abril: contratação ampliada para sites e apps de bancos parceiros

Junho de 2025 (previsão)

• Regulamentação definitiva do uso do FGTS
• Início da portabilidade entre instituições financeiras

Resultados iniciais e expectativas

Nos primeiros meses, os números são expressivos:

• 64 milhões de simulações feitas
• 48 mil contratos efetivados
• Previsão de movimentar R$ 120 bilhões até 2029
• Adesão esperada de 19 milhões de trabalhadores

A medida tem o potencial de não apenas aliviar o orçamento doméstico dos brasileiros, mas também impulsionar a retomada econômica em diversos setores.