Como o valor da Petrobras caiu R$ 30 bi em um único dia
Estatal chegou a divulgar uma nota para explicar comentário de seu presidente, Jean Paul Prates, sobre a política de dividendos da empresa
As ações ordinárias da Petrobras (que dão direito a voto) recuaram 5,39% na quarta-feira, 28, próximo da queda de 5,16% das ações preferenciais. Isso resultou numa perda de 29,9 bilhões de reais no valor da estatal em um único dia. A razão? Um comentário do presidente Jean Paul Prates (foto, ao lado de Janja).
Prates disse em entrevista à Bloomberg que a Petrobras deve ser mais cautelosa com a “remuneração dos acionistas” à medida que busca se tornar uma potência em energia renovável. “Eu seria mais conservador do que agressivo. Estamos no meio dessa grande decisão de nos tornarmos uma empresa de petróleo em transição”, comentou, dizendo que “os acionistas vão entender”.
Não entenderam
Como os acionistas não entenderam, a Petrobras teve de divulgar uma nota para dizer que “não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados”.
“As decisões da Administração sobre dividendos, incluindo a proposta de destinação do resultado a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral Ordinária marcada para25/04/2024, serão são tomadas com base na nova Política de Remuneração aos Acionistas da Companhia, aprovada pelo Conselho de Administração em 28/07/2023 (‘Política’ ou ‘nova Política’)”, diz a nota da empresa.
Surpresa
Sócio da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno disse ao Estadão que o comentário de Prates “pegou o mercado de surpresa”. “A empresa é uma baita geradora de caixa, e no plano estratégico a Petrobras não dizia nada sobre possível impacto de dividendos anteriormente”, destacou.
O Estadão destaca ainda que “neste mês, a Petrobras bateu recordes de valor de mercado por seis vezes, muito em razão da percepção de que o seu plano de investimentos não foi tão agressivo como o mercado esperava, o que reanimou os investidores, tendo em vista a possibilidade de manutenção de boas cifras em dividendos distribuídos aos acionistas”.
O governo Lula discute desde 2023 mudar a política de dividendos da Petrobras, mas, até agora, ela foi mantida. Quanto menos o presidente da estatal tocar informalmente no assunto, portanto, melhor.
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