BC sobe taxa de juros em mais um ponto percentual
"O Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião", informou o Copom

Como O Antagonista havia antecipado em análise publicada horas antes do anúncio oficial, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) elevou, nesta quarta-feira, 19, a taxa de juros, a Selic, de 13,25% para 14,25% ao ano.
Este é o mesmo patamar atingido durante a crise econômica do governo Dilma Rousseff (PT) em julho de 2015.
A decisão foi unânime entre os membros do colegiado.
“O Copom então decidiu elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 14,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz trecho do BC.
Segundo o colegiado, haverá um “ajuste de menor magnitude” na próxima reunião “em se confirmando o cenário esperado”.
“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”
Na reunião de fevereiro, a primeira sob a gestão do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, o Copom já tinha decidido elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano.
Desde setembro de 2024, já foram cinco aumentos consecutivos da taxa Selic, que passou de 10,5% ao ano para 14,25%.
Leia mais: “Só sobrou Galípolo”
Selic versus juros bancários ao brasileiro médio
Como publicou o analista Pedro Kazan, é muito importante enfatizar que a taxa básica de juros de um país é justamente a taxa que esse país precisa pagar ao mercado para tomar dinheiro emprestado. Ela está diretamente relacionada ao risco-país de honrar com seus compromissos.
Se o tomador de empréstimos está em situação turbulenta ou com poucas garantias, ele precisa pagar mais juros. O bom e velho “risco x retorno”. Lembre-se que todos os títulos de renda-fixa são literalmente títulos de dívida, com alguém emprestando dinheiro para alguém.
No Brasil, a SELIC é incrivelmente distante dos juros com que uma pessoa-física comum consegue tomar crédito. Segundo o Banco Central, em janeiro de 2025, a taxa de juros média anualizada do cheque especial ficou em 135% e a do cartão de crédito supera os 445% ao ano.
Vale ressaltar que, desde janeiro de 2024, a Lei nº 14.690 limita os juros e custos financeiros sobre a parte da fatura do cartão de crédito que não é paga ou que é parcelada com juros a 100% do valor original da dívida.
Subir a SELIC em 1 ponto percentual ou meio ponto percentual não parece, portanto, fazer cócegas nos juros na ponta consumidora. E isso agita a discussão sobre o real impacto da elevação dos juros no Brasil com seu efeito anti-inflacionário. A razão principal aponta para o ruído político e fiscal, ainda elevados, em vésperas do anúncio da isenção do imposto para pessoas com rendas mensais inferiores a 5 mil reais. O que além de não reduzir gastos, ainda reduz a arrecadação do governo.
Leia mais: “BC eleva taxa básica de juros em um ponto percentual”
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Comentários (3)
Gilberto Aparecido Americo
19.03.2025 22:56Cadê a narizinho?
Marian
19.03.2025 21:54Daqui a pouco terá que aumentar de novo.
Márcio Roberto Jorcovix
19.03.2025 19:16O grande problema de uma taxa selic de quase 15% para uma inflação de 6% é que estamos pagando (Brasil) 9% de juros real, Sem conseguir segurar a inflação porque o Governo insiste em não ajudar, muito pelo contrário, só atrapalha. O montante da dívida externa está subindo de forma astronômica