Qual é a expectativa do mercado sobre a taxa Selic?

24.04.2025

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Qual é a expectativa do mercado sobre a taxa Selic?

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Pedro Kazan
5 minutos de leitura 19.03.2025 15:04 comentários
Análise

Qual é a expectativa do mercado sobre a taxa Selic?

Ruído político e inflação acima da meta seguem apontados como culpados

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Pedro Kazan
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Qual é a expectativa do mercado sobre a taxa Selic?
Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a taxa básica de juros em 1% na reunião dessa quarta, 19 de março, alinhando previsões de agentes do mercado financeiro com o próprio Copom em comunicados anteriores.

A reunião dessa quarta-feira coincide com nova divulgação de pesquisa de aprovações sobre a condução da economia pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e sobre o governo Lula.

Segundo a pesquisa Genial/Quaest que entrevistou economistas, analistas e gestores de fundos de investimentos do eixo RJ-SP, divulgada hoje pela manhã, o descontentamento com o trabalho de Haddad ficou em 58% e a desaprovação ao governo Lula ficou em expressivos 88%.

O ruído político ainda está elevado e os juros precisam ser ajustados para equilibrar.

Leia também: Só sobrou Galípolo

Selic versus juros bancários ao brasileiro médio

É muito importante enfatizar que a taxa básica de juros de um país é justamente a taxa que esse país precisa pagar ao mercado para tomar dinheiro emprestado. Ela está diretamente relacionada ao risco-país de honrar com seus compromissos.

Se o tomador de empréstimos está em situação turbulenta ou com poucas garantias, ele precisa pagar mais juros. O bom e velho “risco x retorno”. Lembre-se que todos os títulos de renda-fixa são literalmente títulos de dívida, com alguém emprestando dinheiro para alguém.

No Brasil, a SELIC é incrivelmente distante dos juros com que uma pessoa-física comum consegue tomar crédito. Segundo o Banco Central, em janeiro de 2025, a taxa de juros média anualizada do cheque especial ficou em 135% e a do cartão de crédito supera os 445% ao ano.

Vale ressaltar que, desde janeiro de 2024, a Lei nº 14.690 limita os juros e custos financeiros sobre a parte da fatura do cartão de crédito que não é paga ou que é parcelada com juros a 100% do valor original da dívida.

Subir a SELIC em 1 ponto percentual ou meio ponto percentual não parece, portanto, fazer cócegas nos juros na ponta consumidora. E isso agita a discussão sobre o real impacto da elevação dos juros no Brasil com seu efeito anti-inflacionário. A razão principal aponta para o ruído político e fiscal, ainda elevados, em vésperas do anúncio da isenção do imposto para pessoas com rendas mensais inferiores a 5 mil reais. O que além de não reduzir gastos, ainda reduz a arrecadação do governo.

Direto da Mesa de Operações

Muita gente acha que no dia seguinte da elevação de juros as taxas de remuneração dos títulos públicos, CDBs (certificados de depósitos bancários) e outros produtos de renda fixa sobem. Isso é, naturalmente, equivocado.

O mercado financeiro vai ajustando os juros futuros com a proximidade das reuniões do Copom e, exceto se vier alguma decisão muito fora do previsto, as taxas de remuneração dos títulos não mudam praticamente nada no dia seguinte do ajuste de juros.

Dependendo do tom do anúncio após uma alta de juros, as taxas podem até cair nos títulos negociados, com ajuste dos juros futuros. Nesse momento, a taxa de juros futura para janeiro de 2026 (DI1F26) aponta uma SELIC entre 14,75% e 15%. O que coloca uma aposta em ainda uma elevação de pelo menos 0,50% nas próximas reuniões do Copom.

Leia também: Mercado não acredita em Gleisi

Investimentos

É muito importante ponderar que a taxa de juros atual é consideravelmente maior do que a maioria das taxas de retorno de empresas privadas e não poderá ser sustentada por muitos meses.

Taxas de juros em patamares superiores a 10-12% ao ano desestimulam investimentos na economia real, na abertura de novas empresas, na geração de empregos e desenvolvimento de produtos inovadores que precisam de recursos.

Praticamente convencendo os investidores a buscar ganhos emprestando dinheiro, via produtos de renda fixa, fazendo por onde associar o Brasil a um paraíso dos rentistas (pessoas que vivem de renda passiva) ao invés do tão sonhado paraíso de empreendedores.

No que tange aos juros, o Banco Central segue vigilante no desenrolar político, fiscal e cambial. Os investidores seguem atentos a pistas das futuras eventuais elevações de juros no Brasil e nos impactos diretos que a economia pode sentir. Quem viver, sentirá.

Pedro Kazan é profissional do mercado financeiro desde 1999, empreendedor e palestrante, formado em Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia Econômica pela UFRJ. De 2002 a 2004, fez parte do Controle Operacional da Mesa Proprietária do Banco BBM, de onde saíram os fundadores das mais renomadas Assets do Brasil, como SPX, Kapitalo e Navi. Desde 2004 dedica-se à Gestão de Recursos e Assessoria de Investimentos Private. Fundador do canal de educação financeira KZN Investimentos. Nascido no Rio de Janeiro. Vivendo em Lisboa.


 

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