Putin expurga a mosca
Vladimir Putin prende todos aqueles que protestam contra a guerra. Os sinais de que há uma contrariedade crescente na sociedade russa, porém, são patentes. O próprio ditador, ontem, no mesmo discurso em que prometeu cuspir o inimigo como uma mosca, disse também: “O Ocidente está tentando destruir nossa sociedade especulando sobre as perdas russas em combate...
Vladimir Putin prende todos aqueles que protestam contra a guerra. Os sinais de que há uma contrariedade crescente na sociedade russa, porém, são patentes.
O próprio ditador, ontem, no mesmo discurso em que prometeu cuspir o inimigo como uma mosca, disse também:
“O Ocidente está tentando destruir nossa sociedade especulando sobre as perdas russas em combate e as consequências socioeconômicas das sanções, na esperança de causar um motim na população. Eu sei que ele está usando a chamada quinta coluna, nossos traidores, para alcançar seu objetivo final, que é a destruição da Rússia”.
A mosca a ser cuspida, portanto, é interna, e não externa. A mosca de Putin está em Moscou. É a nova versão do expurgo stalinista, que pode atingir tanto as pessoas desesperadas com a imensa quantidade de mortos nessa guerra insana quanto os oligarcas insatisfeitos com a perda de seus bens.
Dirigindo-se a eles, de fato, Putin acrescentou:
“Não quero julgar nossos compatriotas com sua casa em Miami ou na Riviera Francesa, e que não conseguem viver sem ostras, foie gras ou as chamadas liberdades de gênero”.
A xenofobia e a homofobia, nesse caso, servem apenas para ocultar os cadáveres dos soldados mortos em Kharkiv ou em Irpin, mas quem perdeu um marido ou um filho numa guerra incompreensível não vai se comover com sua demagogia assassina.
O discuso de Putin, na verdade, revela aquilo que sempre se soube: o objetivo dessa guerra é fechar ainda mais a ditadura, impedindo que o ar de liberdade que se respira na Ucrânia possa se espalhar pela Rússia.
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