Na terra de Gilmar
Só a Crusoé poderia publicar uma reportagem sobre as terras de Gilmar Mendes. É por isso que a revista existe. É por isso que os leitores a assinam. O fim da Lava Jato reduziu drasticamente o interesse por jornalismo investigativo. Muita gente diz que o brasileiro tornou-se incapaz de se indignar. Eu vejo a coisa de outra maneira: o brasileiro entendeu que é inútil indignar-se, porque qualquer denúncia, por pior que ela seja, acaba sendo abafada...
Só a Crusoé poderia publicar uma reportagem sobre as terras de Gilmar Mendes. É por isso que a revista existe. É por isso que os leitores a assinam.
O fim da Lava Jato reduziu drasticamente o interesse por jornalismo investigativo. Muita gente diz que o brasileiro tornou-se incapaz de se indignar. Eu vejo a coisa de outra maneira: o brasileiro entendeu que é inútil indignar-se, porque qualquer denúncia, por pior que ela seja, acaba sendo abafada. Se a impunidade é a regra – na PF, na PGR, no TCU, no STF -, a denúncia se transforma em mera fonte de angústia.
Os 7 mil campos de futebol de Gilmar Mendes, porém, continuam lá, e a imprensa tem o dever de mostrá-los, pois ele é um dos homens mais poderosos do país, com uma caneta capaz de tirar gente da cadeia, como o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Mato Grosso, que o beneficiou numa disputa fundiária.
O jornalismo vai até certo ponto, o resto tem de ser feito pela sociedade. A sociedade pode se desinteressar pelos fatos relatados em reportagens, mas o risco, nesse caso, é que ela seja irremediavelmente ocupada por grileiros.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)